Folha de S.Paulo

Batalha final

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Na segunda-feira, Deltan Dallagnol declarou que a eleição de 2018 será a “batalha final” da Lava Jato. Ele descreveu o Congresso como a “maior ameaça” à operação. Em seguida, defendeu a escolha de parlamenta­res “identifica­dos com a agenda anticorrup­ção”.

A indicação de candidatos a deputado ainda não faz parte das atribuiçõe­s do Ministério Público. O procurador informou que não se tratava disso. “Não há tentativa de politizar um trabalho que é técnico, imparcial e apartidári­o”, afirmou. Dois dias depois, um ato em Brasília sugeriu que a coisa pode não ser bem assim.

Grupos de apoio à força-tarefa foram ao Congresso lançar uma campanha para influencia­r as eleições parlamenta­res. A iniciativa foi batizada de “Tchau, queridos”, uma referência ao slogan usado nas passeatas a favor do impeachmen­t.

Um dos líderes do ato, o ativista Marcos Paulo Ferreira prometeu divulgar um índex de políticos que não mereceriam ser reeleitos. “Vamos publicar em todos os cantos do país quem são esses que não podem voltar a essa Casa no ano que vem. Tchau, queridos”, disse.

Ferreira se apresentou como presidente do Instituto Mude, mas também é pastor da igreja frequentad­a por Dallagnol em Curitiba. Ele organizou viagens e entrevista­s do procurador durante a campanha das Dez Medidas contra a Corrupção.

Na quarta, o pastor posou ao lado de Rogerio Chequer, líder do movimento antipetist­a Vem Pra Rua. Eles apresentar­am a ferramenta Ranking dos Políticos, que classifica os parlamenta­res “do melhor para o pior”. Dos dez primeiros colocados, quatro são filiados ao PSDB. Os outros seis também pertencem a siglas que apoiam o governo de Michel Temer.

Não parece bom para a Lava Jato que procurador­es deem declaraçõe­s genéricas contra o Congresso ou expressem o desejo de influencia­r as eleições. A “batalha final” da operação deve ser travada nos tribunais. Nas urnas, a palavra cabe ao eleitor.

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