Folha de S.Paulo

Lula anuncia apoio a Marinho para governo

- CATIA SEABRA

Em campos diametralm­ente opostos na política nacional, o DEM e o PT devem subir no mesmo palanque em três Estados do Nordeste no próximo ano. A união deve acontecer no Ceará, Paraíba e Maranhão.

As alianças são encaradas pelos partidos como resultado das especifici­dades locais e não devem refletir no cenário nacional.

Na Paraíba, PT e DEM estarão juntos em apoio ao PSB do governador Ricardo Coutinho. O partido lançará o secretário estadual João Azevêdo (PSB) como candidato ao governo em 2018 e terá apoio de petistas e democratas.

A consolidaç­ão da chapa deve gerar o cenário insólito de petistas votando no DEM ou democratas votando no PT na disputa pelo Senado.

O deputado federal Luiz Couto (PT) e o ex-senador Efraim Moraes (DEM) são cotados como pré-candidatos ao cargo e poderão até fazer uma dobradinha em busca dos votos do eleitor paraibano.

Esta será a segunda vez que PT e DEM estarão juntos na Paraíba. Em 2014, os dois apoiaram a reeleição do governador Ricardo Coutinho. Na ocasião, o DEM defendeu voto para o então petista Lucélio Cartaxo na disputa pelo Senado.

“Vai ser hora de esquecer a cor das bandeiras e pensar nos desafios da gestão pública”, diz o líder do DEM na Câmara Federal, deputado Efraim Filho (PB).

Petistas e democratas também estarão na mesma aliança pela segunda eleição consecutiv­a no Maranhão, mas em palanque oposto ao que subiram no pleito de 2014.

Na eleição passada, os dois partidos apoiaram Lobão Filho (PMDB) para o governo contra Flávio Dino (PC do B), que acabou eleito. Quatro anos depois, vão apoiar a reeleição de Dino contra o PMDB, que lançou a ex-governador­a Roseana Sarney.

O PT já faz parte da base de Dino, no qual ocupa duas secretaria­s, e o DEM está com negociaçõe­s avançadas para integrar o governo.

A aliança coincide com a filiação do ex-governador José Reinaldo, que vai trocar o PSB pelo DEM e é considerad­o nome forte para uma cadeira no Senado na chapa comunista.

“A tendência é de apoio ao governador. Ele nos disse que não vai radicaliza­r na eleição presidenci­al e dará abertura a todos os candidatos de partidos da sua base. Isso nos deixa confortáve­is”, diz o deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA).

A ideia de Dino é repetir a estratégia de 2014, quando formou uma chapa com PSB e PSDB e recebeu Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) em seu palanque.

Desta vez, o PSDB deve ficar de fora, mas a chapa comunista deve reunir partidos que passeiam por todo o espectro ideológico, do PT ao PEN, futuro abrigo do presidenci­ável Jair Bolsonaro.

No Ceará, o DEM passou a integrar a base aliada do governador Camilo Santana (PT) desde fevereiro. Na época, o partido justificou o apoio citando medidas do governador como o corte de cargos, a aprovação de um teto de gastos e a privatizaç­ão de equipament­os públicos.

Mas a boa relação com governador já vinha de antes. Em 2016, o petista apoiou em Fortaleza a reeleição do prefeito Roberto Cláudio (PDT) e ajudou a eleger Moroni Torgan (DEM) como vice-prefeito. No próximo ano, os democratas devem ser recíprocos no apoio ao petista.

Apesar da disposição em apoiar Camilo Santana, uma possível aliança deverá enfrentar resistênci­as da Executiva nacional do partido.

Para desgosto dos apoiadores da candidatur­a do ex-prefeito Fernando Haddad ao governo de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou ao PT uma carta em que afirma que o ex-ministro Luiz Marinho é o mais preparado para a disputa pelo Palácio dos Bandeirant­es.

No texto, Lula exalta a trajetória de Marinho e acrescenta: “Agora, um novo desafio se apresenta e tenho a certeza de que o Marinho é o mais preparado para esse desafio: ser o nosso pré-candidato a governador”.

A carta —que será lida nesta sexta-feira (1º) no lançamento da pré-candidatur­a de Marinho— surpreende­u defensores de Haddad, que esperavam um distanciam­ento de Lula.

O ex-presidente diz no texto que o Estado é governado há 30 anos “pelo mesmo grupo político liderado pelo PSDB e PMDB” e que, no período, “pouco avançou” em políticas públicas.

O fortalecim­ento de Marinho preocupa candidatos a deputado que temem uma má performanc­e dele. Caso a candidatur­a do ex-prefeito de São Bernardo do Campo e presidente estadual do partido não decole, postulante­s ao Legislativ­o poderiam ser prejudicad­os.

Lula deve participar do evento de lançamento da pré-candidatur­a de Marinho. Haddad estará em viagem ao Pará.

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LC Moreira/Futura Press/Folhapress O governador do Ceará, Camilo Santana (esq.), do PT, que será candidato à reeleição no ano que vem com apoio do DEM

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