Da Marinha, um “evento anômalo, singular, curto, violento e não nuclear, consistente com uma explosão”.
DE SÃO PAULO
Após 15 dias sem notícias do submarino ARA San Juan, a Marinha argentina anunciou nesta quinta-feira (30) que deu por finalizada a etapa de resgate de pessoas. A embarcação levava 44 tripulantes quando desapareceu.
Embora não tenha declarado a morte dos submarinistas, o comunicado da Marinha pôs fim à esperança dos parentes das vítimas, que saíram às lágrimas da Base Naval de Mar del Plata, onde se reuniam desde o sumiço.
“O Ministério da Defesa e a Marinha da Argentina informam que hoje, quinta-feira, se declara finalizada o caso SAR, mudando a fase de busca”, disse o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, em referência à sigla para o termo em inglês “search and rescue” (busca e resgate).
Segundo Balbi, as autoridades se concentrarão a partir de agora nas buscas pela embarcação, cujo paradeiro continua desconhecido.
“Não se encontrou evidência alguma do naufrágio nas áreas exploradas, nem con- tato com o submarino nem com suas balsas”, afirmou.
Balbi explicou que “foi estendido a mais do que o dobro a quantidade de dias que determinavam as possibilidade de resgate da tripulação”.
Apenas dias atrás, Balbi dissera que os tripulantes podiam estar em situação de “sobrevivência extrema”, sem explicar como isso seria possível.
O submarino sumiu em 15 de novembro quando fazia patrulhamento entre Ushuaia e Mar del Plata. Na última comunicação, na manhã daquele dia, o capitão afirmou que houve entrada de água no tanque de baterias que o locomovem quando submerso, que causou curto-circuito e um princípio de incêndio.
Além disso, uma “anomalia hidroacústica” foi detectada em um ponto próximo da última localização do submarino; segundo o porta-voz FAMILIARES Na base de Mar del Plata, familiares eram consolados depois do anúncio. Alguns se abraçaram e se ajoelharam, chorando diante do memorial criado para homenagear os submarinistas na cerca que delimita a área militar.
A questão da sobrevivência ou não dos tripulantes vinha causando enorme tensão entre os familiares. Uma delas, Itatí Leguizamón, quase foi agredida pelos outros porque vinham dizendo que os militares tinham morrido.
Os demais, fiando-se nas informações dadas pela Marinha, preferiam manter as esperanças. Nesta semana, oito famílias se uniram em processo contra a Marinha.
“Ocultaram coisas de nós e mentiram para nós”, disse Luis Tagliapietra, pai de Alejandro Tagliapietra. “Entendi que, se não houver uma intervenção ativa, dificilmente saberemos a verdade.”
O processo está a cargo da juíza Marta Yánez. Ela pediu um depoimento do ministro da Defesa, Oscar Aguad, e que seja levantado o segredo de Estado que pesa sobre as informações que cercam o caso.