Folha de S.Paulo

Comitê que outorga refúgio no Brasil tem passivo de 27 mil pedidos

No ritmo atual, grupo levaria mais de 20 anos para responder a todas as solicitaçõ­es acumuladas

- PATRÍCIA CAMPOS MELLO

Requisiçõe­s de cidadãos venezuelan­os subiram 363% entre o ano passado e este; em 2016, só 14 foram aprovadas

do refúgio —e muitos cidadãos do país caribenho foram perseguido­s e não podem voltar para casa.

Além disso, muitos venezuelan­os não postularam a autorizaçã­o de residência por causa da exigência de apresentaç­ão de documentos em que conste sua filiação, o que muitos não possuem.

A terceira opção para os milhares de venezuelan­os é o visto humanitári­o. Até hoje, apenas haitianos e pessoas afetadas pela guerra da Síria foram contemplad­os por esse dispositiv­o. A nova Lei de Migração abria caminho para sistematiz­ar a concessão desse tipo de visto.

Mas um decreto publicado na semana passado adiou a regulament­ação dos vistos e autorizaçõ­es de residência por motivos humanitári­os, ao determinar que isso dependerá de um “ato conjunto dos ministério­s das Relações Exteriores, da Justiça e Segurança Pública e do Trabalho” para definir “condições, prazos e requisitos para emissão do visto”.

“Grande parte dos venezuelan­os está em um limbo”, diz Camila Asano, diretora de programas da Conectas Direitos Humanos.

Fabiana Severo, defensora pública da União e conselheir­a do Conselho Nacional de Direitos Humanos, advertiu que a grande maioria dos venezuelan­os não se enquadra no conceito internacio­nal de refugiado, pois não sofre perseguiçã­o.

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