Folha de S.Paulo

O Reddito di Inclusione

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O governo italiano inaugura nesta sexta-feira (1°) um programa social semelhante ao Bolsa Família brasileiro, transferin­do renda a pessoas vivendo em situação de pobreza absoluta.

O Reddito di Inclusione (renda de inclusão) entregará entre R$ 720 e R$ 1.870 ao mês por família, a partir do número de integrante­s —o valor máximo correspond­e a cinco ou mais pessoas.

Segundo a deputada ítalobrasi­leira Renata Bueno, eleita pela circunscri­ção latinoamer­icana da Câmara Italiana, o projeto ganhou forma no governo do ex-premiê Matteo Renzi por influência do caso brasileiro.

Renzi é admirador confesso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os líderes se reuniram em mais de uma ocasião nos últimos anos. “Lula fez essa propaganda da redução de pobreza no Brasil, e isso brilhou aos olhos do governo italiano”, diz Bueno.

Em entrevista à Folha em 2016, Renzi disse que Lula havia sido “um grande presidente” e que “a história será gentil com ele”. “Muitas pessoas saíram da pobreza durante seu governo.”

O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados italiana no ano passado e, em 9 de março deste ano, passou pelo Senado com 138 votos a favor, 71 contra e 21 abstenções. POBREZA A Itália calcula que 4,7 milhões de pessoas, em uma população de 60 milhões, vivem em situação de pobreza absoluta —uma emergência agravada pela crise financeira global de 2007.

A linha da pobreza absoluta é calculada na Itália a partir do tamanho da família e da região de moradia.

Em 2015, por exemplo, o valor para um adulto vivendo sozinho em uma cidade no norte, região mais rica, era de R$ 3.100 mensais. Em um povoado do sul, o número caía para R$ 2.100 mensais.

“A Itália sempre foi um país assistenci­alista, e existem diversos outros subsídios”, afirma Bueno. O investimen­to anual do governo no Reddito di Inclusione será o equivalent­e a R$ 7 bilhões.

Havia outras propostas semelhante­s ao Bolsa Família em discussão. O movimento antissiste­ma 5 Estrelas, por exemplo, chegou a propor um salário a todas as pessoas abaixo da linha da pobreza. À época, o ex-premiê Renzi disse que a ideia era uma espécie de “esmola”. CRITÉRIOS abre as inscrições nesta sexta-feira, mas só começa a pagar a assistênci­a a partir de 1° de janeiro. O programa, apesar da semelhança na proposta, não funcionará exatamente como o Bolsa Família.

Poderão se inscrever os núcleos familiares com Indicador de Situação Econômica Equivalent­e (ISEE) de até R$ 23 mil. Esse índice é uma medida da renda anual que leva em conta salário, bens e estrutura familiar.

Será dada prioridade a casos de maior vulnerabil­idade: lares com menores de idade, com algum caso de deficiênci­a grave, com mulheres grávidas ou com desemprega­dos maiores de 55 anos.

Com esses critérios, o governo espera auxiliar 1,8 milhão de pessoas neste primeiro ano.

Segundo o governo brasileiro, o Bolsa Família atende

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Andrew Medichini - 28.ago.2017/AFP Moradores de rua acampam na entrada da Basílica dos Santos Doze Apóstolos, em Roma

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