Folha de S.Paulo

O desemprego no país recuou para 12,2% no trimestre encerrado em outubro. Havia 12,7 milhões de pessoas desocupada­s,

- JOANA CUNHA LUCAS VETTORAZZO

DO RIO

O desemprego continuou a sua trajetória de queda no trimestre encerrado em outubro, mas as vagas criadas estão concentrad­as em postos sem carteira assinada, o que, segundo o IBGE, “contribui para a precarizaç­ão do mercado de trabalho” do país.

Segundo Cimar Azeredo, coordenado­r de Trabalho e Rendimento do IBGE, quase 100% dos empregos criados desde o trimestre fevereiroa­bril foram informais. Os cálculos são aproximado­s e demonstram a tendência de informalid­ade verificada na geração de emprego recente.

Desde fevereiro, a economia brasileira gerou 2,3 milhões de vagas. Destas, Azeredo considera que cerca de 1,7 milhão são postos voltados para a informalid­ade. O restante foi serviço público (511 mil).

“A geração de postos de trabalho com caracterís­tica informal contribui para a precarizaç­ão do mercado de trabalho, pois adiciona a esse mercado ocupações de baixa qualidade”, afirma Azeredo.

Um dos reflexos desse fenômeno é que um trabalhado­r informal tem rendimento inferior à média de todos os trabalhado­res.

No trimestre encerrado em outubro, essa diferença ficou em 42%: o informal ganhava R$ 1.253, ante R$ 2.127 da média nacional.

Na categoria informal, estão, por exemplo, as vagas Vagas criadas no trimestre encerrado em outubro ante trimestre até abril, por categoria Empregado com carteira assinada

CIMAR AZEREDO

Empregado sem carteira assinada coordenado­r de Trabalho e Rendimento do IBGE Trabalhado­r doméstico Empregado no setor público Conta própria criadas no setor privado, mas que não têm carteira, e as pessoas que decidiram trabalhar por conta própria.

São modalidade­s considerad­as de menor qualidade em relação aos postos com carteira assinada, protegidos pela lei trabalhist­a.

Os novos empregos com carteira ficaram em 17 mil no trimestre, um número considerad­o pequeno do ponto de vista estatístic­o.

Tamanha informalid­ade se explica pela crise.

“Tem uma crise econômica e um cenário político conturbado que, de certa forma, inibe o processo de empreender e, consequent­emente, cresce a informalid­ade. As pessoas estão entrando no mercado através de alimentaçã­o, comércio, uma construção de baixa qualidade”, diz Azeredo, do IBGE.

Segundo ele, esse processo não alterou o rendimento do trabalhado­r individual­mente, mas trouxe um aumento da massa de rendimento, deixando a esperança de que a economia se movimente

mercado ocupações de baixa qualidade

para a vinda de uma retomada de postos de trabalho formais no futuro próximo.

“Essa entrada expressiva de pessoas no mercado de trabalho trouxe um aumento da massa de rendimento. E esse aumento é importante, ainda que venha por meio da informalid­ade, porque movimenta a economia”, afirma. EM QUEDA ante 13,3 milhões no trimestre findo em julho.

Houve, no período, alta de 2,4% de trabalhado­res sem carteira assinada no setor privada, que somaram 11 milhões de pessoas no período.

O número de empregados com carteira assinada permaneceu estável em relação ao trimestre anterior, com 33,3 milhões de registrado­s.

Cresceu a quantidade de domésticos, um contingent­e de 6,3 milhões de pessoas, 2,9% a mais que no trimestre encerrado em julho.

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