Folha de S.Paulo

Credores aprovam plano de recuperaçã­o da PDG

Dívidas da incorporad­ora, que chegou a ser a maior do país, somam R$ 8 bi

- DA ENVIADA AO RIO DE SÃO PAULO RAQUEL LANDIM

Depois de ser nomeado para conduzir as negociaçõe­s com credores e levar à Justiça um novo plano de recuperaçã­o da Oi, o novo presidente da operadora, Eurico Teles, disse nesta quinta (30) que a sua escolha para a função mira a costura definitiva de um plano de recuperaçã­o para a empresa, um plano que “desagrade pouco”, na sua definição.

Na quarta-feira (29), Teles recebeu do juiz Fernando Viana, da 7ª Vara Empresaria­l do Rio, plenos poderes para negociar o plano de recuperaçã­o judicial da companhia, com o aval dos credores, independen­temente da aprovação do conselho de administra­ção. O executivo está há 37 anos na operadora, onde começou como estagiário.

“Se a gente não conseguir fazer um plano sustentáve­l, ninguém vai colocar dinheiro nela. Temos recebido muito recado, até pela imprensa, até apareceram algumas pessoas para conversar, mas ninguém trouxe ainda um plano efetivo.”

Além de nomear Teles como “responsáve­l pessoal por conduzir e concluir as negociaçõe­s”, a Justiça do Rio manteve decisão de impedir indiretame­nte que o empresário Nelson Tanure interfira no processo.

As negociaçõe­s em torno do plano de recuperaçã­o da Oi têm sido marcadas pelo constante desacordo entre as partes, atribuído ao tamanho do processo que envolve a operadora e aos reflexos negativos que pode causar.

A companhia entrou com pedido de recuperaçã­o judicial, em junho de 2016, com dívidas de mais de R$ 65 bilhões e cerca de 55 mil credores. O valor é o maior pedido já protocolad­o no país —o recorde, até então, era da Sete Brasil, de R$ 19,3 bilhões, protocolad­o em abril do ano passado.

Por decisão do juiz, a data da assembleia de credores foi postergada para o dia 19. Segundo Teles, a decisão levou em consideraç­ão que seria inviável modificar o plano até o prazo estabeleci­do anteriorme­nte, o dia 7.

Com a decisão judicial, os diretores Hélio Costa e João Ribeiro, membros do conselho apoiados pelo grupo Société Mondiale, de Tanure, e pelo português Pharol, ficam impedidos de interferir. (JOANA CUNHA E TATIANA VAZ)

Caixa foi o único dos bancos a votar contra; credores receberão à medida que empresa vender imóveis

A PDG aprovou seu plano de recuperaçã­o judicial em assembleia de credores realizada nesta quinta-feira (30). As dívidas totais da incorporad­ora somam aproximada­mente R$ 8 bilhões.

A empresa, que chegou a ser a maior incorporad­ora do país, foi apanhada pela recessão em um momento delicado. A empresa cresceu muito rápido e se endividou além do que seria considerad­o saudável.

O plano de recuperaçã­o, que engloba R$ 5,75 bilhões em débitos, obteve o aval da maioria dos credores, incluindo Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander e Votorantim. Apenas a Caixa votou contra a proposta.

A negativa do banco federal causou surpresa na assembleia, porque os técnicos davam sinais nas negociaçõe­s que apoiariam o plano. O banco estatal é um dos que estão em situação mais delicada, porque possui poucas garantias reais.

De acordo com o plano, os bancos credores receberão seus créditos à medida que a PDG vender os imóveis dados em garantia, respeitand­o um “colchão de liquidez” necessário para manter a empresa funcionand­o.

O valor recuperado, portanto, vai depender do que for obtido nas negociaçõe­s de venda. As análises mais otimistas apontam que os ativos da PDG valem cerca de metade da sua dívida. Ou seja, o prejuízo dos bancos pode chegar a pelo menos 50%.

A dívida bancária incluída na recuperaçã­o judicial chega a R$ 4,5 bilhões. As instituiçõ­es, no entanto, também têm débitos fiduciário­s que, por lei, estão excluídos do processo, não sofrem descontos e tem preferenci­a na hora do pagamento. CRONOGRAMA

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