Folha de S.Paulo

Acerto entre gigantes busca elevar cotação global de petróleo

Países como Arábia Saudita e Rússia fecham acordo para manter em 2018 produção menor da commodity

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Preço teve melhora nos últimos meses, mas está distante do patamar de 2014, quando foi a US$ 100

Os maiores produtores mundiais de petróleo decidiram prorrogar o acordo quanto à redução em sua produção de petróleo para cobrir todo o ano de 2018, a fim de reduzir os estoques excessivos e manter os preços acima dos US$ 60 por barril.

A Arábia Saudita e a Rússia, cuja produção combinada responde por um quinto da oferta mundial de petróleo, se uniram para liderar um esforço de 24 países.

A lista inclui tanto membros da Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (Opep) quanto não.

O acordo, que prevê a redução na produção de petróleo em 1,8 milhão, expiraria em março, se uma prorrogaçã­o não tivesse sido decidida.

O acordo significa que a Arábia Saudita e a Rússia, cuja produção combinada excede os 20 milhões de barris diários, mantiveram o compromiss­o entre o presidente Vladimir Putin e o rei Salman assinado no ano passado, que vem regendo os mercados de petróleo há 18 meses.

Khalid al Falih, ministro saudita da Energia, disse que se tratava de um acordo “sólido” que renovou o compromiss­o anterior e que “ele demonstrav­a o relacionam­ento” que há entre seu país e a Rússia no setor petroleiro.

A decisão de prorrogar os cortes de produção será reavaliada na metade do ano que vem, na reunião regular da Opep. “Reagiremos e respondere­mos a depender do desenrolar dos acontecime­ntos”, disse Falih.

“Chegar a um acordo quanto a uma prorrogaçã­o por nove meses demonstra o sério compromiss­o da Rússia e da Arábia Saudita para com a redução dos estoques e a manutenção do preço”, disse Jason Schenker, da Prestige Economics.

Antes da reunião em Viena, a Rússia, o maior produtor de petróleo fora da Opep, vinha se desentende­ndo com outros países-membros do cartel sobre por quanto tempo prorrogar o acordo, que entrou em vigor em janeiro.

As companhias petroleira­s russas vinham pressionan­do, em foro privado, por uma prorrogaçã­o mais curta, de seis meses, mencionado preocupaçõ­es quanto a perder mercado para os produtores americanos de petróleo de xisto betuminoso, que foram revigorado­s pela recuperaçã­o de 30% que os preços registrara­m nos últimos 12 meses.

O setor norte-americano de petróleo extraído do xisto betuminoso vem causando muita preocupaçã­o à Opep, desde que seu rápido cresciment­o deflagrou um colapso do preço da commodity.

O preço do barril tipo Brent (referência para os negócios da Petrobras) estava na casa dos US$ 100 por barril em 2014. Depois de uma desacelera­ção inicial, quando os preços caíram para menos de US$ 30 por barril no começo de 2016, o setor se recuperou neste ano e os preços se estabiliza­ram atualmente na casa dos US$ 60.

As projeções de produção para o setor petroleiro ainda variam muito, porém, o que deixa em dúvida a direção em que o mercado caminhará é se a Opep e seus aliados terão de sacrificar parte de sua fatia de mercado, em seu esforço para escorar os preços.

O declínio da cotação de petróleo nos últimos anos se tornou uma ameaça para as contas públicas dos grandes produtores, que passaram a mostrar rombos até pouco tempo inimagináv­eis. A queda também ajuda a explicar a crise venezuelan­a, com calote da dívida pela governo. PAULO MIGLIACCI

 ?? Heinz-Peter Bader/Reuters ?? Khalid al Falih, ministro saudita da Energia, durante conferênci­a da Opep na Áustria
Heinz-Peter Bader/Reuters Khalid al Falih, ministro saudita da Energia, durante conferênci­a da Opep na Áustria

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