Justiça pede prisão de 30 policiais civis de SP
Agentes são suspeitos de ajudar ação da facção criminosa PCC em São José dos Campos, no interior do Estado
Secretaria da Segurança de Alckmin (PSDB) diz que Corregedoria apura conduta de acusados pelo Ministério Público
Em votação unânime na quarta (29), o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) decretou a prisão preventiva de 30 policiais civis que atuam em São José dos Campos, a 106 km da capital paulista, sob a acusação feita pelo Ministério Público de que eles auxiliavam a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) na manutenção do tráfico de drogas na zona sul da cidade.
Os mandados de prisão começaram a ser cumpridos na manhã desta quinta (30). Além dos policiais civis, outras seis pessoas, incluindo uma advogada, um ex-policial civil e traficantes, tiveram a prisão preventiva decretada. A sentença foi expedida em trâmite de urgência pela 3ª Vara Criminal de São José dos Campos. Cabe recurso.
Os policiais civis envolvidos no caso atuam nas delegacias do 3º DP, 7º DP, Dise (investigações sobre drogas) e DIG (investigações gerais) e do Garra (repressão a roubos e assaltos).
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública, do governo Geraldo Alckmin (PSDB) informou que a Corregedoria da Polícia Civil abriu um procedimento administrativo disciplinar para apurar a conduta dos suspeitos.
A polícia também informou que “não compactua com desvios de condutas e todos os fatos serão devidamente apurados”.
Já a Promotoria disse à reportagem que a investigação está em segredo de Justiça.
Segundo denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, uma investigação que ocorreu entre junho e novembro do ano passado apontou que o PCC estava dominando o tráfico de drogas no bairro Campo dos Alemães, na zona sul de São José dos Campos.
Após prisões de traficantes ligados à facção na cidade, foi sendo investigada a colaboração e a extorsão de dinheiro que teria ocorrido a partir de policiais civis contra integrantes do crime organizado.
A reportagem tentou contatar a defesa dos policiais através da secretaria e de cada delegacia envolvida na investigação. No entanto, não conseguiu contatá-los e nem localizar seus advogados.
O Gaeco apontou que as unidades policiais de São José dos Campos eram igualmente contempladas com a distribuição de valores pagos pelos traficantes comandados por Lúcio Monteiro Cavalcante, que, segundo a investigação, tinha cargo de chefia no PCC (ele morreu em confronto com a Polícia Militar em março de 2017).
Um investigador da Polícia Civil em São José dos Campos disse à reportagem, sob a condição de anonimato, que entre os presos há, inclusive, delegado. “O Ministério Público pediu a prisão de 30 policiais baseado em palavras de traficantes. Qualquer nome que fosse dito em grampo pego pelo Gaeco estaria sendo preso”, afirmou.
Em sua argumentação, o relator Otavio Rocha disse ser “evidente que a liberdade dos ora denunciados representa risco à ‘ordem pública’”.