Folha de S.Paulo

Homem acusa ator agredido em terminal

Polícia investiga depoimento de rapaz que diz ter sido furtado; vítima de ataques nega

- ROGÉRIO PAGNAN

Um morador do centro de São Paulo procurou a polícia para apresentar informaçõe­s sobre aquilo que, segundo ele, foi a origem das agressões sofridas pelo ator Diogo Cintra, 24, no dia 15 de novembro, na região do terminal Parque Dom Pedro 2º.

O rapaz prestou um depoimento formal à delegada Gabriela Carvalho de Sousa Pereira no qual diz que teve seu celular furtado pelo ator naquela madrugada. Afirmou também que gritou “pega ladrão” pela rua antes de um grupo, que ele diz desconhece­r, perseguir e agredir Diogo.

Essa versão levará a delegada a colher novo depoimento do ator e talvez a promover uma acareação. Ela ainda é tratada com cuidado pela polícia. O rapaz que se diz vítima (e que disse ter 100% de certeza em reconhecim­ento fotográfic­o) pode responder criminalme­nte se tiver mentido.

Diogo, que nega a acusação, foi espancado por um grupo ainda não identifica­do pela polícia, que segue analisando imagens de câmeras de segurança. Ao ser arrastado para fora do terminal de ônibus, chegou a pedir ajuda a vigilantes do local, que nada fizeram —e a quem acusou posteriorm­ente de racismo.

A suposta vítima do furto procurou a polícia apenas no último dia 23, mais de uma semana depois do episódio.

Pela versão do rapaz, que mora e trabalha na região da rua 25 de Março, ele chegava em casa naquela madrugada quando Diogo, ao vê-lo embriagado, ofereceu ajuda.

Os dois, segundo ele, acabaram se beijando na porta da casa da suposta vítima. Em seguida, ele diz ter percebido Diogo mexendo no bolso de seu casaco —de onde teria retirado um celular e saído correndo em direção ao terminal.

A suposta vítima diz ainda que soube das agressões sofridas pelo ator somente depois da repercussã­o do caso.

Procurado pela Folha, Diogo negou a versão do rapaz. “Eu vou na delegacia e quero ver essa pessoa.” Não quis comentar sua trajetória pela 25 de Março naquela noite. “Eu não tenho a dizer nada.”

O advogado Bruno Salles Ribeiro, que acompanha Diogo, diz considerar inverossím­il a versão da suposta vítima à polícia. “A violência cometida contra Diogo se perpetua. Mais uma vez é apontado como bandido da história.”

Bruno disse que vai ajudar a polícia para saber se a suposta vítima é ligada a agressores. “Diogo foi quase assassinad­o. O que ele estava fazendo lá [na região] não tem qualquer interesse investigat­ivo.” INVESTIGAÇ­ÃO Diogo disse à polícia que estava em um bar, próximo ao terminal Parque Dom Pedro 2º, quando decidiu caminhar pela 25 de Março.

Lá, afirmou que foi abordado por dois homens que queriam roubar seu celular. O ator diz que se recusou a entregar seu aparelho e correu em direção ao terminal, mas foi perseguido pelos assaltante­s — que iniciaram a agressão.

O ator afirmou, também, que pediu ajuda a funcionári­os do terminal, mas que foi entregue aos agressores, que acusavam ele de roubo.

Além da suposta vítima, a polícia já ouviu outras 20 pessoas na investigaç­ão do caso. Duas delas aparecem em imagens arrastando Diogo para fora do terminal. Segundo a polícia, elas são seguranças de camelôs que têm barracas na região. Eles disseram que estavam no terminal para um lanche quando, dizem, viram Diogo perseguido por pessoas que gritavam “ladrão”.

Alegaram que só tiraram a vítima do alcance do grupo, para que ela não fosse linchada, mas sem agredi-la.

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Danilo Verpa - 17.nov.2017/Folhapress Diogo Cintra, 24, que foi espancado em terminal de ônibus

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