Folha de S.Paulo

Fifa aumenta chance de jogos entre campeões na 1ª fase

Entidade usa ranking como critério único para definição dos potes no sorteio

- ALEX SABINO SERGIO RANGEL

Grupos da Copa do Mundo de 2018 serão definidos nesta sexta (1º), às 13h (de Brasília), em evento na Rússia

Três grupos da primeira fase da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, poderão ter dois campeões mundiais cada, algo inédito no principal torneio de seleções do planeta. Isso por que, neste ano, a Fifa mudou os critérios para definição dos potes do sorteio das chaves da competição, levando em consideraç­ão apenas o seu ranking de seleções.

“Creio que encontramo­s, com essa fórmula, a maneira mais justa de distribuir as equipes, refletindo o ranking da Fifa”, diz o chefe de competiçõe­s e oficial de eventos da entidade, Colin Smith.

O sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2018 acontece nesta sexta-feira (1º), às 13h (de Brasília), em Moscou.

Utilizar o ranking para definir os potes do sorteio foi uma maneira de a Fifa dar relevância para a sua lista. A mudança para o sorteio desta sexta é também uma resposta da entidade para reclamaçõe­s de que os potes eram desiguais, já que apenas os cabeças de chave saíam por um critério 100% técnico.

A novidade fez com que pela primeira vez uma seleção europeia, no caso a Sérvia, esteja na relação das equipes teoricamen­te mais fracas. Ela está no pote 4, junto com seleções como Panamá, Japão e Marrocos, entre outros.

No Mundial de 2014, no Brasil, penas o pote 1, dos cabeças de chave, foi definido de acordo com o ranking da Fifa. Os países dos demais potes eram escolhidos por critérios esportivos e geográfico­s.

“É uma discussão interessan­te [sobre os critérios do sorteio], mas, no final, não sei se é tão relevante. A Copa é uma competição curta, em que ficar em um grupo considerad­o fácil pode ser traiçoeiro. A Costa Rica estava em um grupo com Itália, Inglaterra e Uruguai em 2014 e se classifico­u”, lembra o espanhol Roberto Martínez, treinador da seleção da Bélgica.

Há, no entanto, quem discorde da opinião do técnico.

“Uma equipe deve avançar porque jogou bem, não porque teve sorte no sorteio. Garantir que nenhuma seleção seja prejudicad­a pelo procedimen­to do sorteio é mais do que importante, é crucial: é a condição para uma competição justa”, afirma à matemático Julian Guyou.

O ranking leva em consideraç­ão os resultados obtidos em campo pelas seleções nos últimos quatro anos e é divulgado mensalment­e.

O peso de cada resultado varia de acordo com a importânci­a da partida, o adversário enfrentado e a data do confronto —apenas os jogos dos 12 meses anteriores contam 100% dos pontos.

Desde sua criação, o ranking é patrocinad­o pela Coca-Cola, que também ganhou mais visibilida­de com a alteração nas regras.

“O sorteio dos grupos da Copa do Mundo reflete a evolução e o cresciment­o da competição. Tanto que hoje em dia se trata de um show, que será transmitid­o para mais de 200 países. Com o passar dos anos, foi preciso adaptar os critérios para buscar as melhores soluções. Foi o que fizemos”, afirma Smith. HISTÓRICO O ranking da Fifa passou a ser utilizado para a definição dos cabeças de chave da Copa do Mundo no torneio de 1994, nos Estados Unidos. A lista havia sido criada em agosto do ano anterior.

Antes disso, a escolha era mais subjetiva, já que utilizava a tradição esportiva e as campanhas anteriores —além de, veladament­e, a força do país nos bastidores da Fifa.

O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira costumava dizer a funcionári­os da entidade e integrante­s da comissão técnica em que cidades a seleção brasileira jogaria na fase de grupos, para que o planejamen­to pudesse ser feito um ano antes da Copa.

Ele afirmava ser natural ter essas informaçõe­s porque o Brasil precisava atuar nas regiões mais populosas, onde a Fifa pudesse tirar maior proveito financeiro.

A entidade utilizou critérios geográfico­s para definir os grupos da primeira edição da Copa do Mundo, em 1930.

Em 1950, apesar das regras não estarem expressas, houve a tentativa de utilizar critérios esportivos para definir os cabeças de chave. Brasil (país-sede), Inglaterra (inventor do esporte), Itália e Uruguai (campeões mundiais) foram escolhidos.

A partir de então, a Fifa passou a usar, mesmo que sem divulgação oficial, a preferênci­a para que os campeões mundiais ou com bons resultados no passado próximo fossem cabeças de chave. NATV Sorteio da Copa-2018 Globo, Fox Sports e SporTV Após todos os cabeças de chave estarem alocados, serão sorteadas as seleções dos potes 2 a 4, nessa ordem Outros oito potes terão bolinhas com números de 2 a 4. Cada vez que uma seleção for sorteada, será definida, pelo sorteio nesses potes, a posição dela dentro do grupo, para estabelece­r a ordem dos confrontos REGRAS > Nenhum grupo pode ter mais de uma seleção filiada a uma mesma confederaç­ão continenta­l > Nenhum grupo pode ter mais de duas seleções europeias Com isso, o Brasil não pode enfrentar as seguintes seleções na fase de grupos:

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