Folha de S.Paulo

Todos os ex-jogadores que serão assistente­s de palco no sorteio falaram com a imprensa nesta quinta (30). Menos

-

Diego Maradona, 57, foi convidado para passar uma tarde com o rei Abudallah 2º bin Al-Hussein, da Jordânia. Havia a promessa de comida, bebida e passeio de helicópter­o pela capital, Aman. O argentino foi, mas ao chegar na frente do palácio, mudou de ideia, sem dar explicaçõe­s. “Vou embora.” E foi. Deixou o rei esperando. O histórico camisa 10 argentino gosta de desafiar autoridade­s. Se estas forem da Fifa, melhor ainda. Referiase ao ex-presidente João Havelange apenas como “aquele jogador de polo aquático”. Chamou Joseph Blater de “corrupto”. “Tenho problemas com quem está no poder”, reconheceu.

Agora o irascível, desbocado e rebelde Maradona virou grande amigo de Gianni Infantino, 47, eleito presidente da Fifa em fevereiro de 2016.

Ele será um dos assistente­s do sorteio dos grupos da Copa. Pelé também estará no evento como convidado. Na atual administra­ção da Fifa, ao contrário das anteriores, o argentino é mais próximo do poder do que o seu rival pelo aposto de “melhor jogador de todos os tempos”.

Em 2000, o brasileiro e o argentino estiveram juntos na cerimônia de escolha de melhor jogador do século 20 da Fifa. A eleição seria realizada pela internet. Como Diego ganhava com folgas, foi feita uma segunda escolha, com especialis­tas. Pelé venceu e Maradona ficou em terceiro, atrás do argentino Di Stéfano.

Ao perceber o que tinha acontecido, foi embora enquanto o brasileiro era chamado ao palco.

A última vez que os dois apareceram juntos em sorteio de grupos foi no Mundial de 2006, na Alemanha. Eram convidados de honra da organizaçã­o. Em dezembro de 2009, Pelé esteve na África do Sul para definição das chaves da Copa-2010. Maradona era técnico da seleção argentina mas, suspenso, não foi. “COMANDANTE” Maradona, que alegou cansaço. Pelé não deverá participar do evento. Ambos são pagos pela organizaçã­o. O valor não é revelado.

“Maradona e Infantino discutem todos os temas possíveis referentes ao futebol. Eles estão realmente muito próximos”, disse Victor Stinfale, advogado e sócio do ex-jogador.

Nomeado embaixador da Fifa por Infantino, a quem chama de “comandante”, aprovou todas as medidas anunciadas pelo dirigente. Até mesmo o cresciment­o da Copa do Mundo para 48 seleções. Quando o torneio foi expandido para 32 seleções em 1998, o argentino criticou a ideia.“Agora sim a Fifa é limpa porque tem um presidente como Infantino”, disse recentemen­te.

Na comemoraçã­o de 18 meses da nova administra­ção, em julho, Infantino promoveu uma partida amistosa em sua cidade natal, Brig-Gills, na Suíça. O astro da festa foi Maradona. Na época, o ex-goleiro paraguaio José Luiz Chilavert chamou o argentino de “bicho de pelúcia de Infantino”.

“Adoro Maradona. É uma pessoa importante para a Fifa”, afirmou o presidente da Fifa ao diário “La Nación”.

A sintonia entre os dois é tamanha que Maradona criticou Messi porque, em janeiro deste ano, o atacante não foi à entrega do prêmio de melhor do mundo da Fifa. Infantino se irritou com a ausência.

Um dos segredos da aliança é que Infantino sabe apelar ao ego de Maradona. Diego acredita que deve sempre ser valorizado como protagonis­ta onde quer que esteja. Em uma das conversas entre os dois, o presidente da Fifa disse que o novo embaixador sempre será o principal nome em qualquer evento que a Fifa peça sua ajuda. O argentino quer ser ouvido e que sua opinião tenha peso.

Ele sabe tanto o seu valor que quando o diretor Asif Kapadia voou de Londres para Dubai para gravar um documentár­io, avisou que não sairia do quarto porque estava com dor de cabeça. Diante da lembrança de que o cineasta havia voado da Inglaterra apenas para vê-lo, decidiu pedir desculpas pessoalmen­te e marcou outro horário.

“Não se preocupe. Estou acostumado a manejar celebridad­es”, disse o diretor.

O craque mandou de volta: “Você está acostumado a manejar celebridad­es. Mas nunca manejou um Maradona.”

Infantino aprendeu rápido como fazê-lo. (AS E SR)

O ex-atacante da seleção inglesa Gary Lineker, 56, é figura quase onipresent­e na TV europeia. Nesta sexta (1º), ele falará para uma audiência ainda maior. Ele será o mestre de cerimônia do sorteio dos grupos da Copa de 2018, ao lado da jornalista russa, Maria Komandnaia.

Apresentad­or desde 1999 de um dos mais tradiciona­is programas esportivos de TV do mundo, o “Match of the Day”, da BBC, Lineker também é condutor de shows televisivo­s sobre a Liga dos Campeões da Europa, transmitid­o em 15 países do continente. Além disso, entrou no mercado televisivo americano, embarcando na onda de cresciment­o do Inglês.

“Eu tenho orgulho deste momento, claro. Para chegar ao topo da carreira como apresentad­or não foi fácil e algumas barreiras tiveram de ser quebradas por eu ter sido jogador de futebol”, disse Lineker à Folha.

Como jogador, ele era uma unanimidad­e. Com passagens por Leicester, Everton, Barcelona e Tottenham, foi um dos grandes artilheiro­s da história da sua seleção.

Mas sua atuação nas redes sociais o tornou uma figura controvers­a. Apenas no Twitter, ele tem 6,77 milhões de seguidores e não se furta de comentar temas políticos. As mensagens contra a saída do Reino Unido da União Europeia

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil