U2 contrata cinco
Produtores para seu novo álbum, mas trabalho se assemelha a tudo que lançou desde 2000; banda dá sinais de cansaço
Além dos quatro músicos de sempre (Bono, The Edge, Larry Mullen e Adam Clayton), passaram pelo estúdio cinco produtores diferentes: Jacknife Lee, Ryan Tedder, Steve Lillywhite, Jolyon Thomas e Andy Barlow. E não é que, com tanta gente para dar pitacos, o U2 lança nesta sexta-feira (1º) um álbum em que todas as faixas parecem a mesma?
“Songs of Experience” é monocórdico. Nas letras, no timbre da guitarra, nos vocais dobrados no refrão, na levada meio frouxa de rock que oscila entre balada e clima etéreo. São tênues variações sobre o mesmo formato.
Concebido para ser uma segunda parte do álbum anterior, “Songs of Innocence”, de 2014, deveria ter saído no ano seguinte. Mas a banda fez reformulações no projeto, adiando o lançamento. Além de uma recepção fria da crítica, aquele disco ficou marcado pela jogada promocional que incluiu músicas automaticamente em contas do iTunes.
Houve reprovação de parte do público, que não admitiu uma bandeira de integridade roqueira como o U2 em um lance tão “comercial”. Isso talvez tenha feito muita gente execrar o álbum mesmo sem dar a ele a devida consideração. O novo trabalho chega com menos alarde e deve ser ouvido com mais boa vontade.
Claro que quatro décadas como protagonista da classe dominante do rock mundial permitemqueogrupoirlandêspreserve recursos interessantes.
Em “Songs of Experience”, o quarteto mostra que ainda sabe fazer canções “atmosféricas”, em que a instrumentalização começa pífia e aos poucos a música vai tomando corpo. Mas faz isso repetidas vezes nesse seu 14º álbum de estúdio, sem inspiração.
A única faixa com algum potencial para reivindicar presença em futuras coletâneas “best of” é justamente aquela em que a banda foge do formato de balada meio disfarçada de música ambiente.
Sozinha, “The Showman (Little More Better)” poderia ser um single que apontasse o U2 de volta ao ofício de criar hinos roqueiros. É irresistível, festiva, com uma pegada de