Rio não terá eleição para governador
UMA PESQUISA ainda inédita feita pelo Datafolha, e obtida com exclusividade por esta coluna, revela que ninguém —nem uma alma sequer— deseja concorrer ao cargo de governador do Rio de Janeiro. O levantamento demonstra que a posição de ex-governador se tornou a mais temida entre os cariocas.
“A gente queria fazer uma pesquisa de intenção de votos, mas não encontramos ninguém com coragem de ser candidato. Nem de votar para governador. Todo mundo dizia: ‘passa lá em casa’, ‘vamos marcar aquele chope’ e depois sumia”, explicou, com ar intrigado, o paulista Mauro Paulino, diretor do Datafolha. ÁGORA CARIOCA Diante do impasse, uma junta de notáveis se reuniu no coreto da praça São Salvador, munida de um isopor com cerveja gelada, e aprovou mudanças para as eleições de 2018.
“O carioca nunca se deu bem com esse negócio de separar público e privado. No nosso código de trânsito, o pisca alerta tem efeito de habeas corpus. No Leblon mermo, a elite estaciona no meio da rua, para na faixa de pedestre”, diagnosticou o professor de educação física Claudinho Moura, o filósofo do Arpoador.
Após mordiscar um churrasquinho, prosseguiu: “O resto do Estado já foi tomado pela milícia. O Rio não tem organização nem para fazer um PCC. Só os fortes sobrevivem. E segue o baile”.
“O Rio de Janeiro é o Vale do Silício do fisiologismo”, resumiu Eduardo Paes, num TEDx improvisado em cima de um skate. “Vamos olhar para nossa vocação e estabelecer o fisiologismo como sistema de governo. Fisiologismo para todos. Democrático. Amplo, geral e irrestrito”, completou, antes de se estabacar. NOVAS REGRAS Um grande acordo regional, com o TRE, com tudo, promoverá uma mudança importante nas próximas eleições. Em vez de escolher entre políticos, o eleitor vai digitar na urna o CPF de um parente, um amigo de infância ou daquele cunhado gente fina.
Assim, os cariocas elegerão alguém ao alcance de uma mensagem de áudio no WhatsApp que pode furar a fila na UPA, conseguir uma vaga para o filho numa escola pública ajeitadinha.
E mais: que pode convocar para uma CPI aquela operadora que não quer cancelar a linha de celular. Quebrar o galho do amigo com aquela isenção fiscal. Conseguir um carguinho comissionado na brodagem. Uma casa em Mangaratiba. Ou um habeas corpus.
Levantamento exclusivo mostra que ninguém quer concorrer ao governo do RJ, e que ninguém quer votar