Folha de S.Paulo

Rio não terá eleição para governador

- RENATO TERRA COLUNISTAS DA SEMANA: quinta: José Simão, sexta: Renato Terra, sábado: José Simão, domingo: Ricardo Araújo Pereira, segunda: Gregorio Duvivier, terça: José Simão

UMA PESQUISA ainda inédita feita pelo Datafolha, e obtida com exclusivid­ade por esta coluna, revela que ninguém —nem uma alma sequer— deseja concorrer ao cargo de governador do Rio de Janeiro. O levantamen­to demonstra que a posição de ex-governador se tornou a mais temida entre os cariocas.

“A gente queria fazer uma pesquisa de intenção de votos, mas não encontramo­s ninguém com coragem de ser candidato. Nem de votar para governador. Todo mundo dizia: ‘passa lá em casa’, ‘vamos marcar aquele chope’ e depois sumia”, explicou, com ar intrigado, o paulista Mauro Paulino, diretor do Datafolha. ÁGORA CARIOCA Diante do impasse, uma junta de notáveis se reuniu no coreto da praça São Salvador, munida de um isopor com cerveja gelada, e aprovou mudanças para as eleições de 2018.

“O carioca nunca se deu bem com esse negócio de separar público e privado. No nosso código de trânsito, o pisca alerta tem efeito de habeas corpus. No Leblon mermo, a elite estaciona no meio da rua, para na faixa de pedestre”, diagnostic­ou o professor de educação física Claudinho Moura, o filósofo do Arpoador.

Após mordiscar um churrasqui­nho, prosseguiu: “O resto do Estado já foi tomado pela milícia. O Rio não tem organizaçã­o nem para fazer um PCC. Só os fortes sobrevivem. E segue o baile”.

“O Rio de Janeiro é o Vale do Silício do fisiologis­mo”, resumiu Eduardo Paes, num TEDx improvisad­o em cima de um skate. “Vamos olhar para nossa vocação e estabelece­r o fisiologis­mo como sistema de governo. Fisiologis­mo para todos. Democrátic­o. Amplo, geral e irrestrito”, completou, antes de se estabacar. NOVAS REGRAS Um grande acordo regional, com o TRE, com tudo, promoverá uma mudança importante nas próximas eleições. Em vez de escolher entre políticos, o eleitor vai digitar na urna o CPF de um parente, um amigo de infância ou daquele cunhado gente fina.

Assim, os cariocas elegerão alguém ao alcance de uma mensagem de áudio no WhatsApp que pode furar a fila na UPA, conseguir uma vaga para o filho numa escola pública ajeitadinh­a.

E mais: que pode convocar para uma CPI aquela operadora que não quer cancelar a linha de celular. Quebrar o galho do amigo com aquela isenção fiscal. Conseguir um carguinho comissiona­do na brodagem. Uma casa em Mangaratib­a. Ou um habeas corpus.

Levantamen­to exclusivo mostra que ninguém quer concorrer ao governo do RJ, e que ninguém quer votar

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Débora Gonzales

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