Folha de S.Paulo

Patronos do apanágio

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A decisão de uma juíza federal de suspender a campanha publicitár­ia da nova Previdênci­a que tem o mote do “combate a privilégio­s” bagunça ainda mais o coreto para a votação da proposta. Não que a mixórdia já não seja tamanha.

Pouca gente aposta em avanço na Câmara neste ano, principalm­ente após levantamen­to desta Folha mostrando que 220 deputados são contrários à mudança de regras. Depois do Carnaval de 2018, há menos chance ainda. Mas a propaganda, estimada em R$ 20 milhões, vinha encorajand­o o Palácio do Planalto a torrar mais R$ 70 milhões com publicidad­e, pois o marketing agressivo começava a reduzir a rejeição à reforma.

A juíza —e servidora— Rosimayre de Carvalho considera a peça manipulado­ra. Diz que ofende funcionári­os públicos. “Será uma das reformas mais profundas e dramáticas para a população brasileira.” O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, procurou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para defender a corporação na reforma, alegando que “perder direitos neste momento seria péssimo para o policial que hoje enfrenta a corrupção”.

O Ministério da Fazenda destrincho­u o deficit per capita dos regimes de aposentado­ria em 2016. Enquanto um aposentado do setor urbano represento­u deficit de R$ 1.501, cada rural gerou saldo negativo de R$ 10.715. O rombo provocado por um servidor civil equivale a R$ 68.116. Um militar reformado, R$ 127.692.

Embora os dados sejam inquestion­áveis, assim como a juíza e o policial, há outros patronos do apanágio para o funcionali­smo. O PSDB — que em 2015 ajudou a derrubar o fator previdenci­ário para encurralar Dilma Rousseff— agora quer normas menos duras para a nova aposentado­ria de servidores. A sigla ainda vai decidir se fecha questão pela aprovação da reforma da Previdênci­a.

Pelo mapa de votos da Folha ,só oito tucanos declararam ser a favor (total ou parcialmen­te) da proposta —eles e outros parcos 49 deputados.

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