Folha de S.Paulo

STF não hesitará diante de desafios

- ROBERTO PORTO

O Supremo Tribunal Federal pode e deve adotar medidas para apressar os processos que envolvam a denominada Operação Lava Jato.

Conforme recente levantamen­to realizado pelo instituto Datafolha, a corrupção é atualmente o principal problema do país na opinião de 34% dos brasileiro­s, índice que coloca o tema, pela primeira vez, no topo das maiores angústias da população, à frente da saúde, desemprego, educação, segurança pública e economia.

Ao longo da série histórica do Datafolha, poucos problemas atingiram este ápice, reflexo de escândalos divulgados na mídia quase que diariament­e, dos delitos ligados ao setor público, da venda descarada de serviços que não deveriam ser objeto do comércio, com pouca correspond­ência no direito penal à punição efetiva dos culpados.

Segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça, o índice de condenação em casos de corrupção no Brasil ainda é muito baixo, na faixa de 31%.

O tempo médio de tramitação desses casos ainda está muito acima da meta estabeleci­da pelo CNJ, de no máximo dois anos.

Por certo, cabe ao STF, detentor de parcela significat­iva dos processos da Operação Lava Jato, com a seriedade que o tema exige, realizar uma reflexão técnica e profunda, de acordo com o ordenament­o legal e vigente, para encontrar meios que possibilit­em um consenso mais nítido a respeito do poder de punir e da responsabi­lização sistemátic­a e enérgica dos criminosos da corrupção.

O desafio leva em conta a necessidad­e de se dar agilidade aos mecanismos processuai­s, sem ferir direitos e garantias constituci­onalmente consagrado­s.

Não faltam propostas. Dentre elas, destacamos a alteração da lei nº 8038/90, que institui normas procedimen­tais para os processos perante o STF, para que o recebiment­o ou rejeição da denúncia seja realizado de forma monocrátic­a pelo ministro relator, com recurso sem efeito suspensivo, e também o fim da figura do revisor, medidas lançadas recentemen­te em plenário pelo ministro Alexandre de Moraes, com grande repercussã­o positiva.

Além destas, a ampliação do quadro de juízes instrutore­s, decidida pelos ministros da corte na quartafeir­a (29), certamente vai acelerar a conclusão dos casos da Operação Lava Jato, revelando-se importante instrument­o, mediante técnica convencion­al, de estabiliza­ção jurídica, social e até mesmo no controle das angústias dos próprios investigad­ores e investigad­os.

Estes, por sinal, não raro suportam tempo demasiado aguardando o resultado de suas demandas.

A declaração final do 4º Fórum Global de Combate à Corrupção, realizado em Brasília, estabelece­u que a corrupção impõe “ameaças à democracia, ao cresciment­o econômico e ao estado de direito”.

Se é assim —e a conclusão do fórum foi absolutame­nte adequada—, é preciso dar resposta ágil aos crimes de corrupção.

Por certo o STF, bastante atento a sua relevância jurídica e ao seu papel constituci­onal, saberá funcionar como parâmetro de comportame­nto, corrigindo distorções entre o ideal de punir e o resultado prático e efetivo de demoradas e complexas ações penais. ROBERTO PORTO

A reforma da Previdênci­a é necessária, mas a que está sendo proposta por Temer e Meirelles é de uma injustiça pavorosa porque mantém privilégio­s absurdos para militares e para os atuais deputados e senadores. Só o parlamenta­r que assumir um novo mandato estará submetido à reforma e ao teto. Assim, não tem como a população apoiar. Temos que igualar todo o mundo. O parlamenta­r que votar a favor certamente não será reeleito.

MANOEL H. M. NASCIMENTO

Venezuela Nunca me envergonhe­i tanto da diplomacia brasileira quanto nos últimos anos. O PT definitiva­mente destruiu os valores do Itamaraty e hoje vivemos entre a vergonha e o colaboraci­onismo com o crime político do exterior. A cumplicida­de de Lula fez do Brasil aquilo que o embaixador de Israel disse com toda a realidade: somos anões da diplomacia (“Comitê que outorga refúgio no Brasil tem passivo de 27 mil pedidos”, “Mundo”, 1º/12).

RICARDO VILLAS

Desigualda­de social Para a Folha, os rendimento­s mais elevados recebem alíquotas modestas (“Quem é a elite”, “Opinião”, 30/11). A situação é mais grave do que isso, pois os lucros e dividendos, por exemplo, nem sequer são tributados no Imposto de Renda da pessoa física, do que resulta que os ricos e super-ricos são muito menos tributados do que o restante da população. Tratar dessas distorções tributária­s será essencial para superar a desigualda­de em nosso país.

PAULO MATSUSHITA

Sobre a coluna “O passeio de Eike”, de Bernardo Mello Franco, informamos que o habeas corpus concedido a Eike Batista não foi decisão monocrátic­a, e sim colegiada, da Segunda Turma do STF. Ressaltamo­s que o HC 143.247 não tem como defesa o escritório de Sérgio Bermudes. Não há impediment­o para atuação de Gilmar Mendes (art. 252 do CPP). Em abril, o ministro negou pedido de soltura de Eike, não tendo sido questionad­a a sua atuação.

GISELLY SIQUEIRA, RESPOSTA DO COLUNISTA BERNARDO MELLO FRANCO -

Eike Batista deixou a cadeia no fim de abril, graças a uma liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes. O caso só foi julgado pela Segunda Turma do STF em outubro. Botox Com relação à reportagem “Dentistas e médicos brigam por botox” (“Equilíbrio”, 28/11), o Conselho Federal de Odontologi­a esclarece que os cirurgiões­dentistas estão autorizado­s legalmente a aplicar botox. Não há nenhum dispositiv­o legal que contrarie a resolução do CFO que regulament­a a prática. A citada Lei do Ato Médico é explícita ao excluir a odontologi­a do seu escopo no artigo 4°: “O disposto neste artigo não se aplica ao exercício da odontologi­a, no âmbito de sua área de atuação”.

JULIANO DO VALE,

RenovaBR O PSTU não só não participa de cursos de “formação de políticos” patrocinad­os pelo empresário Eduardo Mufarej como não aceita receber dinheiro de empresário­s. Coerente com seus princípios, o partido jamais participar­ia de cursos da classe dominante para ser gerente desse sistema capitalist­a contra a maioria do povo. Não há “representa­ntes” do PSTU nessa iniciativa, como indica a reportagem “Fundo tem 4.000 inscritos, do PSTU ao PEN” (“Poder”, 30/11). Estamos requisitan­do ao movimento “RenovaBR” o nome do autodeclar­ado filiado do PSTU e, se realmente o for, será expulso imediatame­nte.

ZÉ MARIA,

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