Folha de S.Paulo

Apesar de estimular opções

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alternativ­as como a candidatur­a de Henrique Meirelles (PSD), o presidente Michel Temer (PMDB) e os principais líderes da coalizão governista trabalham com Geraldo Alckmin (PSDB) com o plano A para a disputa do Palácio do Planalto de 2018.

Os entraves às pretensões do tucano são diversos e reais, mas eles têm sido amplificad­os desde que o governador paulista se consolidou como presidenci­ável para aumentar o preço da fatura a apresentar durante a campanha e em caso de vitória.

Segundo a Folha apurou junto a líderes de diversas siglas do assim chamado centro, a viabilidad­e da postulação de Alckmin está mais nas mãos do tucano do que na ca- pacidade destrutiva de eventuais adversário­s.

Como um deles explicitou, as preferênci­as dentro do campo governista desde 2016 migraram sucessivam­ente de José Serra para Aécio Neves, para então recair sobre João Doria e Luciano Huck.

Com todos esses nomes afastados, agora é a vez de Alckmin, que precisa melhorar seu desempenho em pesquisas até março ou abril na conta desses governista­s.

O paulista dá o primeiro passo nessa costura neste sábado (2), ao se encontrar com Temer após evento no interior de São Paulo.

Há, obviamente, saliva a ser gasta. Temer não esquece que Alckmin não trabalhou em seu favor na votação das duas denúncias da Procurador­ia-Geral da República que derrubou na Câmara, além de sempre ter sido contra a presença de ministros do PSDB na Esplanada.

Como diz outro desses líderes governista­s, contudo, Temer enxerga a política com “o fígado na geladeira, agora talvez no freezer”. E Alckmin sabe que precisa afastar o PSDB do governo, mas não da agenda de Temer.

O presidente sabe que seu titular da Fazenda, Meirelles, trabalha para ser candidato. Recentemen­te, apesar de dar apoio à ideia de uma candidatur­a que defenda o governo em 2018, lembrou o ministro de que sua prioridade é a recuperaçã­o da economia, ainda em observação.

Para dois cardeais do tucanato, o discurso que Alckmin assumir na convenção do partido do dia 9 será fundamenta­l para tentar amalgamar o hoje trincado PSDB, mas também para dar uma sinalizaçã­o clara aos aliados potenciais sobre seu plano de voo.

Até lá, o governador paulista terá de trabalhar não só o PMDB, por seu gordo tempo de TV e recursos estatais para a campanha, mas também outros importante­s aliados como o DEM e o PSD.

Um problema central a ser resolvido está em seu quintal, São Paulo. Se o seu candidato no PSDB for o prefeito da capital, João Doria, há o risco de dissidênci­as por parte do grupo do senador José Serra, que não descarta a disputa mas prefere se manter aberto ao jogo nacional.

A conta não parece fechar, dado que na hoje mais provável hipótese de uma candidatur­a Alckmin qualquer voo do senador paulista teria de ser por outro partido, como o PSD de seu aliado Gilberto Kassab —que trabalha mesmo para ser vice do tucano numa chapa paulista. Serra sairia do PSDB? Aliados próximos duvidam.

Sem uma retaguarda pacificada, Alckmin terá mais dificuldad­es ao lidar com as siglas a seu redor.

Mais de um cacique cita que Meirelles pode estar vendendo a ideia de ser candidato à Presidênci­a para se contentar com a vice, embora pessoas próximas do ministro não acreditem que ele toparia. Além disso, neste caso o seu PSD estaria fora da vice paulista, cedendo vaga ao DEM de Rodrigo Garcia ou ao PMDB de Paulo Skaf.

Hoje, o governador paulista tem preferênci­a pelo proverbial vice nordestino.

Tudo isso passa pela consolidaç­ão eleitoral da força política de Alckmin. Além das dificuldad­es já postas, há a possibilid­ade da entrada em campo do ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa, em tratativas com o PSB —que, aliás, terá nas mãos o governo de São Paulo com a saída de Alckmin para a disputa.

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