Folha de S.Paulo

Doria critica texto do PSDB e defende ‘linguagem do povo’

Para prefeito de São Paulo, o ‘choque de capitalism­o’ proposto em documento dos tucanos é uma ‘bobagem’

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Ele ainda voltou a criticar o ex-presidente Lula e a defender a candidatur­a de Alckmin à Presidênci­a em 2018

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta sexta-feira (1º) que o “choque de capitalism­o” proposto em texto-base do PSDB para 2018 é uma “bobagem”.

Ele defendeu que o partido tenha mensagens claras em defesa do emprego e da renda e pediu para que o Instituto Teotônio Vilela, órgão da sigla responsáve­l pelo texto, fale “a linguagem do povo” para vencer a eleição.

“Manda parar com choque de capitalism­o, essa bobagem. Vamos falar a linguagem do povo. Gente simples e humilde não está preocupada com choque nem com capitalism­o. Não entende o que é isso. Avisa lá no Instituto Teotônio Vilela para falar a linguagem do povo. O povo quer emprego e oportunida­de”, disse João Doria, em palestra na Associação Comercial do Rio.

O “choque de capitalism­o” foi um termo usado pelo então presidenci­ável tucano Mário Covas (1930-2001) na campanha de 1989 para sintetizar a necessidad­e de destravar o processo produtivo no país. Ele reapareceu no texto-base “Gente em primeiro lugar: o Brasil que queremos”, que deve orientar o PSDB na campanha de 2018. O documento foi elaborado pelo Instituto Teotônio Vilela e burilado por caciques tucanos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Apesar da crítica à expressão, Doria advogou pela agenda liberal e propôs uma defesa “sem medo” da privatizaç­ão da Petrobras e dos Correios. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defende abertament­e privatizaç­ões criadas no governo PT, mas não da estatal petrolífer­a.

Em mais uma mensagem em sinal contrário à cúpula tucana, o prefeito afirmou que “a única coisa no tucanato que eu não vou ser é em cima do muro”.

Doria defendeu que Alckmin seja escolhido o pré-candidato à Presidênci­a sem prévias. Para ele, é importante ter um “PSDB unido” para “termos uma frente brasileira para lutar pelo país, pelo emprego e pela renda”.

Ele declarou ainda que os demais partidos de uma eventual frente também apoiem de imediato o nome do governador de São Paulo para que ele “rode o país”, assim como têm feito o ex-presidente Lula e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

“Se não tivermos essa grandeza, perderemos as eleições. De nada adiantará termos partidos abraçados e derrotados”, afirmou.

Ele voltou a criticar o expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva, bem como a possibilid­ade de vitória do petista, que lidera as pesquisas de intenção de voto. ‘DESAPREÇO’ Em resposta, o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, afirmou que Doria tem “desapreço pelo bom debate e desrespeit­o com o PSDB e sua história”.

“É preciso ler e conseguir entender o que diz o documento, coisa que, pelo jeito, ocupado em suas viagens, o prefeito ainda não fez”, disse Aníbal.

“As contribuiç­ões do prefeito ao debate proposto pelo ITV com o documento Gente em Primeiro Lugar: o Brasil que Queremos, se por ventura ele as tiver, são muito bem-vindas.” (ITALO NOGUEIRA)

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Erbs Jr./AGIF O prefeito de São Paulo, o tucano João Doria, durante uma palestra no Rio de Janeiro

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