Folha de S.Paulo

Senado avança para aprovar reforma tributária de Trump

Plano que prevê corte de imposto de empresas precisará ser conciliado com pacote da Câmara deve elevar deficit em US$ 1 trilhão

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Após horas de impasse, o Senado dos EUA avançava nesta sexta (1) para aprovar a reforma tributária de Donald Trump, que deve cortar US$ 1,4 trilhão em impostos ao longo de dez anos. Se aprovado, o plano precisará ser conciliado com a versão que passou na Câmara.

Líderes republican­os afirmaram que tinham votos para aprovar a lei, a primeira reforma tributária do país em 30 anos. Mas, até a conclusão desta edição, o debate seguia, em uma sessão que durava quase nove horas sob acusações de que o governo tentava aprovar a lei às pressas.

O projeto, prometido como um “presente de Natal” por Trump, vem sendo criticado por beneficiar empresas e os mais ricos e pelo potencial rombo ao orçamento federal.

A principal medida do plano é o corte de impostos para empresas, cuja alíquota cairá de 35% para 20%. Segundo o governo Trump, isso melhorará a competitiv­idade e atrairá investimen­to.

Famílias de classe média também terão corte de impostos, mas só até 2025. O fim de benefícios fiscais a empréstimo­s estudantis e a planos de saúde, além de isenções de cobranças sobre propriedad­es de alto valor, também foram apontados como formas de beneficiar os mais ricos.

Na quinta (30), um relatório demonstrou que a perda aos cofres públicos com a reforma deve chegar a US$ 1 trilhão em dez anos, o que pode levar a cortes orçamentár­ios ou à elevação da dívida pública, já em nível recorde.

Até mesmo republican­os manifestar­am receio sobre seus impactos sociais e fiscais. Nesta sexta, porém, a maioria decidiu apoiar o projeto, diante de emendas que garantiram deduções de gastos com planos de saúde e moradia e compromiss­os para garantir a permanênci­a de filhos de imigrantes no país.

“Com a revisão, a lei trará alívio às famílias de baixa e média renda e estimulará a criação de empregos”, disse a republican­a Susan Collins, uma a ter mudado de ideia.

Democratas, porém, criticavam a inclusão de emendas de última hora e a pressa.“Esse texto tem 15 centímetro­s de espessura. Não é possível que qualquer membro do Senado tenha lido isso”, disse Christophe­r Murphy.

Defensores da reforma dizem que ela fomenta a economia ao cortar o custo dos negócios, mas há dúvidas se isso atrairá investimen­tos e empregos. (ESTELITA HASS CARAZZAI)

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