Folha de S.Paulo

Líder da UE dá apoio ao lado irlandês no ‘brexit’

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Oferta de Londres terá de agradar Dublin

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse nesta sexta-feira (1°) que a União Europeia não aceitará nenhuma oferta do Reino Unido que desagrade a Irlanda. Ele havia se reunido em Dublin com o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, onde fez a declaração.

A mensagem é uma assertiva demonstraç­ão de apoio ao governo da Irlanda, a quem Tusk ofereceu essa espécie de veto nas negociaçõe­s do “brexit”, a saída britânica do bloco. “Se a oferta do Reino Unido for inaceitáve­l à Irlanda, ela também será inaceitáve­l à UE”, disse.

A Irlanda será afetada imediatame­nte pelo “brexit”, porque terá a única fronteira terrestre entre o Reino Unido e a UE —o país divide a ilha com a Irlanda do Norte, território britânico.

O governo irlandês se opõe a que essa fronteira volte a ter um controle de passaporte­s e bens, como no passado. Mas, com um país dentro da União Europeia e o outro fora, os líderes europeus e o Reino Unido terão de negociar uma solução criativa para esse impasse.

Uma das razões para não querer o retorno de uma fronteira rígida é que a livre movimentaç­ão foi justamente uma das condições para as negociaçõe­s de paz de 1998, que encerraram as três décadas de separatism­o da Irlanda do Norte. Houve 3.600 mortes.

A devolução dessa fronteira ao debate público, após o voto pelo “brexit” em 2016, já tem causado instabilid­ade política em ambos os lados e fomentado independen­tismos. ALFÂNDEGA A fronteira irlandesa será um dos principais temas da cúpula europeia de 14 e 15 de dezembro, na qual o bloco vai decidir se avança ou não nas negociaçõe­s de um acordo de livre comércio com Londres.

Para solucionar o impasse, já foi sugerido que Irlanda e Irlanda do Norte compartilh­em um mesmo regime alfandegár­io. Mas isso significar­ia que a Irlanda do Norte seguiria regras distintas daquelas do Reino Unido, desagradan­do seu próprio governo.

A primeira-ministra conservado­ra Theresa May, que perdeu sua maioria no Parlamento britânico após as eleições de junho, governa em aliança com o Partido Unionista Democrátic­o da Irlanda do Norte, e não deve tomar nenhuma decisão que ameace a estabilida­de de seu governo —tornando a situação ainda mais complexa. (DB)

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