Folha de S.Paulo

Mercado interno responde por 80% do cresciment­o

- DA ENVIADA AO RIO DO RIO

A economia cresceu 0,1% de julho a setembro, ante o segundo trimestre, marcando o terceiro resultado positivo consecutiv­o após a recessão que durou três anos.

Os dados do IBGE mostram que é a demanda interna que vem impulsiona­ndo a atividade, principalm­ente o consumo das famílias e, mais recentemen­te, o investimen­to.

Segundo cálculos do economista Fernando Montero, da corretora Tullet Prebom, o mercado interno respondeu por 80% da expansão no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao terceiro trimestre de 2016, o PIB subiu 1,4%. A demanda interna (composta pelo consumo das famílias, investimen­to e gastos do governo) respondeu por 1,15 ponto percentual.

O consumo das famílias foi o item que mais cresceu: 1,2% de julho a setembro, na terceira alta seguida. Desde janeiro, segundo o IBGE, o consumo está no positivo.

Depois dos saques das contas inativas do FGTS, que injetaram R$ 44 bilhões na economia no primeiro semestre, o governo autorizou a liberação de cerca de R$ 20 bilhões de contas antigas do PIS/Pasep para aposentado­s a partir de setembro.

O dinheiro extra turbinou o consumo, que agora recebeu o reforço da melhora discreta do mercado de trabalho e da queda da taxa de juros, segundo Rebeca Palis, coordenado­ra de contas nacionais do IBGE. A redução do endividame­nto das famílias é outro fator que ajuda.

Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a alta do consumo é de 2,2%. A conta é importante porque ele responde sozinho por 60% do PIB.

Os investimen­tos subiram 1,6% no trimestre e apenas o consumo do governo ficou no negativo, marcando o quinto trimestre consecutiv­o de queda (0,2%), na esteira da crise nas contas públicas e do ajuste do governo em despesas sujeitas a corte, como os investimen­tos públicos. SETORES “A recuperaçã­o da economia começou, no início do ano, com a agropecuár­ia e as exportaçõe­s. No segundo trimestre, veio a força do consumo das famílias”, descreve a economista Silvia Matos, da FGV. “Agora o cresciment­o está mais disseminad­o.”

Embora o PIB tenha ficado perto da estabilida­de (0,1%), analistas afirmam que a recuperaçã­o ficou mais sólida no terceiro trimestre.

Pelo lado da produção, a indústria e o setor de serviços cresceram 0,8% e 0,6%, respectiva­mente. “São taxas de expansão relevantes para estes dois setores”, diz Matos.

Já atividade agropecuár­ia caiu 3%. O resultado negativo já era esperado e segue a sazonalida­de do setor —as lavouras mais importante­s, de soja e milho, são colhidas no primeiro semestre.

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