Brasileiro terá de trabalhar 2 meses a mais para manter benefício
DE BRASÍLIA
Sem o apoio necessário para fazer a reforma da Previdência, o governo vai apostar todas as suas fichas na próxima semana para tentar alcançar os 308 votos de que precisa para aprovar o texto.
O esforço começa neste domingo (3). O presidente Michel Temer convidou presidentes de partido para um almoço no Palácio do Alvorada. À noite, Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reúnem ministros para explicar a reforma para lideranças.
O governo também quer ouvir dos convidados qual o real cenário nas bancadas.
Enquete da Folha realizada entre os dias 27 de novembro e 1º de dezembro aponta que a reforma não tem o mínimo necessário para ser aprovada: 220 deputados declararam que a rejeitarão.
“É precipitado dizer que não tem os votos. Tem que fazer um trabalho de base com os deputados. É natural que os que são contra já se declararem. Tem que explicar as mudanças. Alguns deputadospodemreverseuposicionamento. Tem que explicar e chamar à responsabilidade. Temos campo para trabalhar”, afirma líder do PMDB, Baleia Rossi (SP).
Na quinta, Temer deve convocar uma reunião de avaliação. Se alcançar um número seguro, a ideia do Planalto é levar ao plenário da Câmara o primeiro turno da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) na semana do dia 13 e o segundo turno na do dia 20.
O governo quer evitar que a segunda fase da votação na Câmara fique para 2018, ano de disputa eleitoral.
Mas nem os mais otimistas governistas conseguem demonstrar empolgação.
“Não é um negócio fácil”, diz Beto Mansur (PRB-SP), que tem telefonado para deputados para contar votos.
Por isso, o governo pretende mostrar que Temer cumpriu seu papel ao encaminhar uma proposta de reforma e tentar aprová-la, como uma vacina em caso de fracasso.
Além disso, quer que a derrota seja debitada da conta do Legislativo, que discute o tema desde o fim de 2016.
A estratégia, dizem auxiliares do presidente, não significa que o governo tenha jogado a toalha. Citam como exemplo as projeções econômicas sobre o rombo da Previdência que o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) entrega aos parlamentares que o procuram.
O governo deve culpar as corporações pela contrapropaganda à reforma, afirmando que elas não estão interessadas na melhoria do país.
Mas os responsáveis pelo contato direto com os deputados afirmam que os contrários à reforma por temerem uma reação negativa do eleitorado não estão se sensibilizando nem mesmo com a oferta de emendas.
DO “AGORA”
A expectativa de vida do brasileiro avançou e, se por um lado a notícia é boa, por outro, os segurados do INSS terão um desconto maior nas aposentadorias por tempo de contribuição.
Será necessário trabalhar, em média, dois meses a mais para se aposentar com o mesmo valor que teria antes da atualização da tabela do fator previdenciário.
As estimativas e a tabela com os novos índices foram calculadas pelo atuário especializado em Previdência Newton Conde, da Conde Consultoria Atuarial.
Os descontos estão maiores desde esta sexta (1º), quando o IBGE divulgou a estimativa de expectativa de vida do brasileiro em 2016.
Ao nascer, o brasileiro tem expectativa de viver 75 anos, nove meses e sete dias, três meses e 11 dias a mais do que para uma pessoa nascida em 2015.
Na faixa dos 50 anos, na qual sai a maior parte das aposentadorias, seria preciso trabalhar, em média, 55 dias a mais para compensar o redutor maior do novo fator.
No cálculo do fator, além da expectativa de vida, o INSS considera quantos anos o segurado ainda deverá viver, ou seja, por quanto tempo prevê pagar a aposentadoria a esse segurado. Centrais sindicais cancelam greve contra reforma da Previdência folha.com/no1939778