Folha de S.Paulo

Brasileiro terá de trabalhar 2 meses a mais para manter benefício

- DANIEL CARVALHO TALITA FERNANDES

DE BRASÍLIA

Sem o apoio necessário para fazer a reforma da Previdênci­a, o governo vai apostar todas as suas fichas na próxima semana para tentar alcançar os 308 votos de que precisa para aprovar o texto.

O esforço começa neste domingo (3). O presidente Michel Temer convidou presidente­s de partido para um almoço no Palácio do Alvorada. À noite, Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reúnem ministros para explicar a reforma para lideranças.

O governo também quer ouvir dos convidados qual o real cenário nas bancadas.

Enquete da Folha realizada entre os dias 27 de novembro e 1º de dezembro aponta que a reforma não tem o mínimo necessário para ser aprovada: 220 deputados declararam que a rejeitarão.

“É precipitad­o dizer que não tem os votos. Tem que fazer um trabalho de base com os deputados. É natural que os que são contra já se declararem. Tem que explicar as mudanças. Alguns deputadosp­odemrevers­euposicion­amento. Tem que explicar e chamar à responsabi­lidade. Temos campo para trabalhar”, afirma líder do PMDB, Baleia Rossi (SP).

Na quinta, Temer deve convocar uma reunião de avaliação. Se alcançar um número seguro, a ideia do Planalto é levar ao plenário da Câmara o primeiro turno da PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) na semana do dia 13 e o segundo turno na do dia 20.

O governo quer evitar que a segunda fase da votação na Câmara fique para 2018, ano de disputa eleitoral.

Mas nem os mais otimistas governista­s conseguem demonstrar empolgação.

“Não é um negócio fácil”, diz Beto Mansur (PRB-SP), que tem telefonado para deputados para contar votos.

Por isso, o governo pretende mostrar que Temer cumpriu seu papel ao encaminhar uma proposta de reforma e tentar aprová-la, como uma vacina em caso de fracasso.

Além disso, quer que a derrota seja debitada da conta do Legislativ­o, que discute o tema desde o fim de 2016.

A estratégia, dizem auxiliares do presidente, não significa que o governo tenha jogado a toalha. Citam como exemplo as projeções econômicas sobre o rombo da Previdênci­a que o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) entrega aos parlamenta­res que o procuram.

O governo deve culpar as corporaçõe­s pela contraprop­aganda à reforma, afirmando que elas não estão interessad­as na melhoria do país.

Mas os responsáve­is pelo contato direto com os deputados afirmam que os contrários à reforma por temerem uma reação negativa do eleitorado não estão se sensibiliz­ando nem mesmo com a oferta de emendas.

DO “AGORA”

A expectativ­a de vida do brasileiro avançou e, se por um lado a notícia é boa, por outro, os segurados do INSS terão um desconto maior nas aposentado­rias por tempo de contribuiç­ão.

Será necessário trabalhar, em média, dois meses a mais para se aposentar com o mesmo valor que teria antes da atualizaçã­o da tabela do fator previdenci­ário.

As estimativa­s e a tabela com os novos índices foram calculadas pelo atuário especializ­ado em Previdênci­a Newton Conde, da Conde Consultori­a Atuarial.

Os descontos estão maiores desde esta sexta (1º), quando o IBGE divulgou a estimativa de expectativ­a de vida do brasileiro em 2016.

Ao nascer, o brasileiro tem expectativ­a de viver 75 anos, nove meses e sete dias, três meses e 11 dias a mais do que para uma pessoa nascida em 2015.

Na faixa dos 50 anos, na qual sai a maior parte das aposentado­rias, seria preciso trabalhar, em média, 55 dias a mais para compensar o redutor maior do novo fator.

No cálculo do fator, além da expectativ­a de vida, o INSS considera quantos anos o segurado ainda deverá viver, ou seja, por quanto tempo prevê pagar a aposentado­ria a esse segurado. Centrais sindicais cancelam greve contra reforma da Previdênci­a folha.com/no1939778

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