Petrobras revê sua política e reduz preço do diesel nas refinarias
A Petrobras anunciou uma revisão no cálculo do preço do diesel, sob a alegação de que precisa recuperar mercado perdido para importadores privados no combustível.
O novo cálculo vai provo- car uma queda no preço do diesel no país. Já nesta sexta (1º), a estatal anunciou corte de 5,7%, e a expectativa é que novas reduções sejam feitas.
Em nota, a Petrobras afirmou que a revisão tem o objetivo de adequar o preço do combustível “às mudanças de fluxo logístico e à entrada de produtos importados no país”, mas que continuará operando com margem de lucro na venda do produto.
Os preços são calculados por fórmula iniciada em julho que considera as cotações internacionais, a taxa de câmbio, o custo de importação e a margem de lucro da estatal.
A Folha apurou que a direção da empresa tem a avaliação de que pode reduzir a parcela do preço referente ao custo de importação, já que seus concorrentes têm ganhado maior competitividade no segmento, com o uso do modal ferroviário, por exemplo.
O aumento das importa- ções reduziu sua fatia no mercado de diesel de uma posição quase monopolista a 72% das vendas internas.
A competição vem levando a companhia a operar suas refinarias com capacidade reduzida: ao fim do terceiro trimestre, estavam com 22% de ociosidade média.
Três frentes parlamentares contra a desestatização da Eletrobras somam 406 deputados e quatro senadores em suas composições, ou cerca de 70% dos integrantes do Congresso Nacional.
Os números evidenciam possíveis dificuldades do presidente Michel Temer para aprovar o seu principal programa de privatização, que pode render R$ 12 bilhões ao Tesouro em 2018.
Os parlamentares integram duas frentes recém-criadas contra a privatização de subsidiárias da Eletrobras (Furnas e Chesf) e uma em defesa do setor elétrico, que se juntou ao movimento contra a privatização.
O governo inicialmente pensou em enviar uma proposta do modelo de privatização ao Congresso por medida provisória, mas depois Temer optou por encaminhar o assunto via projeto de lei, para agradar aos parlamentares.
O PT, que tem liderado a oposição ao governo, é o partido com maior número de membros nas frentes, com 56 nomes, mas em seguida aparece o PMDB, sigla de Temer, com 52 parlamentares.
Embora a presença nos grupos não signifique que um parlamentar vá de fato votar de acordo com a posição defendida pela frente, os números indicam que Temer pode ter algum trabalho para convencer o Congresso a aprovar a privatização no período préeleitoral de 2018.
“Tem muita gente que entra em uma frente por questões de seu Estado, da região onde o parlamentar tem voto, ou se ele tem alguma relação com aquele setor... Então o número (de parlamentares nas frentes) é alto, mas não quer dizer muita coisa”, disse o cientista político César Alexandre Carvalho, da CAC Consultoria Política. CUSTO POLÍTICO Ele lembrou que o governo Temer já conseguiu vitórias significativas no Congresso, mas ressaltou que o Planalto tem enfrentado nos últimos dias uma dura batalha para tentar garantir a aprovação da reforma da Previdência pelos parlamentares.
Por outro lado, há um alto percentual de políticos da base aliada nas frentes relacionadas à Eletrobras —além do PMDB, PP e PR estão entre os cinco partidos com mais membros nos grupos.
Isso pode reduzir dificuldades para aprovação, mas não sem um custo político, como a exigência de aprovação de emendas e cargos em troca dos votos, por exemplo.
“Vai entrar nesse jogo político... Resta saber se o governo tem como ‘pagar o preço’ disso para os parlamentares... Tem esse dinheiro em caixa? Porque tem que ‘pagar’ a privatização da Eletrobras e tem que ‘pagar’ a reforma da Previdência”, afirmou Carvalho.