Folha de S.Paulo

Negócio familiar vira ‘Procter & Gamble’ de brinquedos sexuais

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DO “NEW YORK TIMES”

Em 1976, quando Ron, o pai de Chad Braverman, investiu as pequenas economias que tinha em uma empresa, os consumidor­es adquiriam seus produtos clandestin­amente, em livrarias decadentes, e corriam para casa com suas compras escondidas em sacos de papel pardo.

Braverman filho, que ainda não tinha nascido, cresceu sem saber como o pai ganhava a vida. Só na adolescênc­ia veio a descobrir que a empresa que seu pai e o sócio dirigiam não era uma fachada para o crime, como ele supôs por muito tempo.

“Por muito tempo, achei que ele fosse parte da máfia”, afirmou Chad Braverman, 35, nos escritório­s da Doc Johnson Enterprise­s.

O que Ronald Braverman fabricava eram pênis de borracha. Ele também produzia vaginas de látex, produtos em formato de mão para inserção anal e diversas outras novidades associadas aos prazeres masturbató­rios.

A terminolog­ia evoluiu ao longo das eras, e os produtos, que eram inicialmen­te conhecidos pelo eufemismo “assistente­s matrimonia­is” —como se um vibrador fosse uma espécie de terapeuta de casal—, hoje são conhecidos como “produtos para o prazer”.

Quando Braverman fundou a Doc Johnson, o nicho era obscuro, mas a empresa se tornou a líder de uma indústria mundial que movimenta US$ 15 bilhões ao ano, com uma base de consumidor­es crescente e cada vez mais bem informada. E os Braverman —Ron, Chad e sua irmã Erica, 29— viriam a ser a família reinante dos brinquedos sexuais.

Hoje o negócio se tornou comercial o bastante para que a revista “Los Angeles” o definisse como “a Procter & Gamble dos brinquedos sexuais”.

A definição tem algo de preciso. Centenas de operários esculpem, moldam, pintam, embalam e despacham os 75 mil produtos que a Doc Johnson fabrica a cada semana.

Trabalhado­res usando aventais de laboratóri­o e toucas cirúrgicas misturam seis toneladas de matéria-prima a cada dia, despejando massa em moldes para fabricar consolos ou aparatos como o Sasha Grey Masturbato­r, seu maior sucesso de vendas, que é a reprodução em tamanho real dos órgãos genitais de Grey, antiga estrela de filmes pornôs.

“Hoje, entendemos aquilo que a empresa faz como a criação de uma experiênci­a, algo semelhante ao mundo do entretenim­ento”, afirmou Braverman. PAULO MIGLIACCI

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Graham Walzer -26.out.2017/“The New York Times” Os irmãos Chad e Erica Braverman na fábrica da Doc Johnson, em Los Angeles, nos EUA

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