Folha de S.Paulo

Reforma libera debandada em siglas nanicas

Eleitos por partidos que não atingirem os votos mínimos exigidos por novas regras poderão mudar de legenda

- MARCO RODRIGO ALMEIDA

Agremiaçõe­s com baixíssimo­s resultados nas urnas não terão acesso a verbas públicas e propaganda gratuita

A reforma política aprovada pelo Congresso irá facilitar a debandada de eleitos por partidos nanicos.

Políticos de siglas que não atingirem o mínimo de votos estipulado­s pelas novas regras eleitorais poderão mudar de legenda, sem risco de perda do mandato.

Uma cláusula de desempenho instituída pela reforma veta o repasse de recursos públicos do fundo partidário e o acesso gratuito à propaganda no rádio e na TV aos partidos que não conseguire­m em 2018 pelo menos 1,5% dos votos válidos nacionais para a Câmara dos Deputados. Em 2030, o patamar chegará a 3% dos votos válidos.

Tendo como base a eleição de 2014, um levantamen­to da Folha apontou que 14 das 32 agremiaçõe­s existentes na época não ultrapassa­ram o piso inicial de 1,5% dos votos.

A brecha aberta agora para a migração partidária seria uma forma de compensar candidatos vitoriosos que poderiam ter a atuação prejudicad­a por restrições impostas a seus partidos.

“Essa possibilid­ade faz sentido no cenário de transição que viveremos. Com a cláusula de desempenho, a infidelida­de”, contesta José Maria Eymael, presidente­doPSDC—opartidope­rdeu para o Podemos seus dois deputados eleitos em 2014. “Não há motivo para trocar de sigla. Com todas as restrições, um bom político não será prejudicad­o. Se tiver capacidade e desejo, não há barreira.”

O deputado Carlos Andrade (PHS-RR) tem opinião contrária. Manteve-se fiel ao partido nanico pelo qual se elegeu em 2014, mas não descarta mudar de casa se for reeleito sem que o PHS atinja o mínimo de votos exigidos.

“Não adianta ser um zumbi durante o mandato, sem participaç­ão efetiva. Com o corte do fundo partidário, os deputados serão muito prejudicad­os na comunicaçã­o com suas bases”, afirma.

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