Folha de S.Paulo

Senado dos EUA aprova maior reforma fiscal em décadas

Texto precisa ser unificado com o aprovado na Câmara; medida é maior vitória legislativ­a de Trump em 2017

- JIM TANKERSLEY THOMAS KAPLAN ALAN RAPPEPORT

O Senado dos EUA aprovou neste sábado (2) a maior reforma tributária em décadas, com congressis­tas republican­os votando por mudanças que alterarão quase todos os aspectos da economia do país, afetando famílias, pequenos empresário­s e corporaçõe­s multinacio­nais.

Por 51 votos a 49, o projeto de lei de quase 500 páginas foi aprovado pelos republican­os nas primeiras horas da madrugada, horas depois de os senadores receberem uma versão reescrita que continha mudanças significat­ivas em relação ao projeto original que passou em duas comissões no último mês.

As revisões de última hora levaram a protestos por parte dos democratas, que disseram que era impossível e irresponsá­vel ler e digerir um texto de lei tão significat­ivo em tão pouco tempo.

Muitas das mudanças vieram de uma série de acordos de última hora para convencer republican­os que ainda se opunham à reforma, como Susan Collins, do Maine, e Ron Johnson, do Wisconsin. O republican­o Bob Corker, do Tennessee, manteve sua oposição e votou contra.

A aprovação do texto, depois de a Câmara aprovar sua própria versão da reforma tributária no mês passado, é a primeira vitória significat­iva do Partido Republican­o desde que obteve o controle da Câmara, do Senado e da Casa Branca neste ano.

A vitória foi comemorada de forma efusiva por Trump. Confiante, o presidente esqueceu de reveses anteriores na Casa, como o de derrubar a reforma da saúde de Obama, o Obamacare, e a rejeição de recursos para o muro na fronteira com o México.

“Neste momento, a menos que eles [democratas] tenham alguém que não sabemos,nestesmome­ntossomos imbatíveis”, disse. “E um dos motivos é o que está acontecend­o nos mercados, nos negócios e nos empregos.”

Ainda sobre os adversário­s, disse que eles vão ter dificuldad­es de se eleger na próxima eleição legislativ­a, no ano que vem. “Porque basicament­e eles votaram contra o corte de impostos e eu não acho que seja bom votar contra cortar impostos.”

A Câmara e o Senado vão agora trabalhar para unificar seus projetos de lei, com o objetivo de entregar uma versão para assinatura do presidente Donald Trump até o Natal. REDUÇÃO DE DANOS A trajetória rápida do projeto de lei e o fato de ele ter superado objeções que emperraram tentativas anteriores mostram o quanto os republican­os eram pressionad­os depois de uma série de derrotas legislativ­as.

Os republican­os afirmam que a reforma tributária resultará em corte de impostos para a classe média, e que 70% das famílias com esse perfil pagarão menos impostos. Mas milhões de outras pessoas pagarão mais, já que o plano aprovado pelo Senado elimina deduções para impostos estaduais e locais e prevê o fim gradual de isenções individuai­s até 2025.

A reforma beneficia empresas, com o corte da alíquota do imposto para companhias de 35% para 20%, permanente­mente.

Também há isenções para donos de pequenas empresas e companhias não tradiciona­is, uma provisão adicionada de última hora.

A aprovação do projeto de lei foi possibilit­ada porque os republican­os aceitaram a ideia de que o corte de impostos de US$ 1,5 trilhão (R$ 4,9 trilhões) vai compensar a si próprio, resultando em maior cresciment­o econômico.

Diversos estudos apontam, porém, que isso não deve acontecer, inclusive um feito pelo próprio escritório econômico do Congresso.

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Entrada do hotel Paul, perto da Broadway

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