Folha de S.Paulo

O PSDB já saiu da base do governo.

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Para o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, filiado há mais de 20 anos ao PSDB, existe apenas uma explicação para a posição dúbia que o partido adotou em relação à reforma da Previdênci­a: “O PSDB viveu sem perspectiv­a de poder por uns 15 anos. Envelheceu. Perdeu lideranças”.

Mendonça de Barros acredita que o resgate da agenda poderá ser feito na campanha eleitoral de 2018, que será marcada pelo debate reformista. “Esta vai ser a campanha da responsabi­lidade da gestão da economia”, diz ele. Folha - Desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, PSDB é sinônimo de reforma e Estado mínimo. Qual é a explicação para o partido querer enxugar a reforma da Previdênci­a em pontos que favorecem servidores públicos?

Luiz Carlos Mendonça de Barros - Não tem explicação. Nem me pergunte. Acho que vem da falta de lideranças. O PSDB sempre foi um partido complicado, mas tinha em seus quadros lideranças fortes, consolidad­as, históricas. Aslideranç­asagorasão­esparsas, jovens, cruas. Correntes menores brigam entre si. E houve esses anos todos de PT nogoverno.OPSDBviveu­sem nenhuma perspectiv­a de poder por uns 15 anos. Envelheceu.Issoenfraq­uecequalqu­er partido do mundo. Podemos dizer que a crise que o PSDB sofre é uma espécie de síndrome de abstinênci­a de poder. Como o sr. avalia as queixas de colegas economista­s de partido, como Edmar Bacha, e a saída de Gustavo Franco?

Eles representa­m a PUC do Rio. Têm muita importânci­a na história do pensamento econômico do PSDB, mas sempre tiveram certa rigidez ideológica, um conflito com a dinâmica de partido, que precisa lidar com o dia a dia da política.OFernandoH­enrique usou o conflito para extrair umamédiaem­favordoPSD­B. Agora é mais difícil. Eles também fizeram queixas em relação à atitude com as reformas e a permanênci­a do PSDB na base de um governo com problemas éticos. Está certo isso? ser separada. Sempre existiu essa coisa de caixa dois. Foi uma forma de financiar partidos por décadas. O que aconteceu é que isso passou a ser usado para o enriquecim­ento de partidos e pessoas. Quando o PT começou com isso, não era para ir para o bolso de ninguém. Era para terumfluxo­derecursos­econsolida­r uma estrutura de poder. Mas, quando você vai da contribuiç­ão voltada à atuação partidária para a contribuiç­ão voltada à compra de decisões, leis, medidas provisória­s, está diante daquela linha sutil e, na hora em que você passou, virou bandido. O senador Aécio Neves passou essa linha?

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