Líder estudantil, vereador e gestor público
O confronto com estudantes da USP na rua Maria Antônia, em 1968, legou a parte dos alunos do Mackenzie a imagem de direita truculenta —a descoberta de que vários membros do Comando de Caça aos Comunistas frequentavam as salas de aula da universidade presbiteriana ajudou a reforçar a rótulo.
Se há alguém que poderia se desvincular da reputação, é Lauro Pacheco Toledo Ferraz: presidente do centro acadêmico mackenzista, era o líder de um grupo de 16 universitários que tentava garantir a realização das eleições da União Estadual dos Estudantes dentro do campus da faculdade, em Higienópolis.
Cerca de 300 colegas se mobilizaram para frustrar o pleito. O caso virou quebraquebraecapadesta Folha em 27 de outubro de 1967.
Moderado e articulador, Lauro uniu na sua chapa todas as tendências progressistas do Mackenzie. Desde aquele dia, passou a enfrentar mais e mais obstáculos.
Estava entre os quase mil estudantes presos no congresso da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna (SP), em 1968; no ano seguinte, exilou-se no Chile; em 1973, com o golpe militar também naquele país, foi para o Peru.
Voltou ao Brasil durante a redemocratização. Vereador em São Paulo pelo PMDB nos anos 80, também assumiu a pasta de Negócios Metropolitanos do governo Montoro.
Nunca mais se reelegeu. “Ele não aceitava doações empresariais e, nessa época, o dinheiro começava a contar”, diz Gílson Soares, seu braço direito na vida pública.
Morreu no último dia 18, de complicações de diabetes. Deixa filha, neto e amigos. coluna.obituario@grupofolha.com.br MATZEIVA - CEMITÉRIO ISRAELITA DO BUTANTÃ
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