Folha de S.Paulo

CRÍTICA Sete anos depois, ‘Jogos Mortais’ não ressuscita

O sonolento ‘Jigsaw’, oitavo filme da franquia, recicla torturas bizarras sem a criativida­de de episódios anteriores

- THALES DE MENEZES

O oitavo filme da franquia de terror “Jogos Mortais” chega aos cinemas sete anos depois do longa anterior, então anunciado —até no título— como o capítulo final da saga macabra de sucesso.

Os produtores divulgaram que “Jogos Mortais: Jigsaw” só saiu agora porque, finalmente, depois de analisarem desde 2010 uma centena de propostas de roteiro, apareceu uma boa história que merecia ser filmada.

Fica difícil imaginar a péssima qualidade dos outros 99 roteiros, já que este que ganhou sua versão nas telas é sonolento, preguiçoso e nada surpreende­nte. Mesmo com um pretensios­o “final surpresa” que certamente vai dividir opiniões.

Dez anos depois da morte de John Kramer, o psicopata assassino por trás da persona Jigsaw (a palavra em inglês significa “quebra-cabeças”), incautos voltam a ser sequestrad­os e em seguida submetidos a torturas cruéis.

Os métodos desses crimes apontam para a volta (seria ressurreiç­ão?) de Jigsaw ou para o surgimento de um seguidor disposto a louvar o legado do serial killer.

Desde o filme original, de 2003, “Jogos Mortais” repete a fórmula: vítimas aleatórias são aprisionad­as numa câmara imunda e precisam cumprir tarefas ingratas para conseguir sair vivas dali.

São desafios aterroriza­ntes, nos quais um dos presos terá de matar outro para vencer a disputa. Com níveis de violência nauseantes, como estripar um parceiro de infortúnio para tirar de dentro dele a chave que supostamen­te abrirá a porta da cela.

Em sete filmes, a imaginação delirante e perversa dos roteirista­s embrulhou muitos estômagos nas salas de cinema, em filmes progressiv­amente piores. Depois do intervalo longo até este retorno da série, o mínimo que se poderia esperar era um filme com desfile revigorado de torturas e mortes bizarras.

Mas “Jigsaw” não supera obviedades na construção das armadilhas à espera das vítimas. Recicla ideias dos episódios anteriores e não justifica o preço do ingresso.

Diretores alemães radicados nos EUA, os irmãos Michael e Peter Spierig não conseguem repetir aqui o ritmo

 ??  ?? Laura Vandervoor­t como Anna, uma das vítimas aprisionad­as para jogos de torturas e assassinat­os em ‘Jigsaw’, oitavo filme da franquia ‘Jogos Mortais’
Laura Vandervoor­t como Anna, uma das vítimas aprisionad­as para jogos de torturas e assassinat­os em ‘Jigsaw’, oitavo filme da franquia ‘Jogos Mortais’

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