Folha de S.Paulo

Seu condomínio é uma fortuna?

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QUASE TODO o mundo reclama do valor do condomínio e diz que paga uma fortuna. É só alguém tocar no assunto que começam as comparaçõe­s —“no prédio do meu cunhado tem até piscina, e o condomínio é bem mais barato”. Em muitos casos, o síndico é chamado de incompeten­te, ladrão e péssimo gestor, sem qualquer motivo justo. E as assembleia­s seguem vazias, sem participaç­ão efetiva dos proprietár­ios.

Convivemos com reajustes constantes no preço da gasolina, da carne, da energia. Toda semana, sem pechinchar, pedimos nossa pizza, cada vez mais cara. Mas, na hora de aprovar um reajuste de 5% na previsão orçamentár­ia do condomínio onde vivemos, torcemos o nariz, exigimos uma série de explicaçõe­s ao síndico e, quando o reajuste é aprovado, pagamos resmungand­o.

Eu participo de assembleia­s quase toda noite e vejo esse comportame­nto se repetir. Fico intrigado quando vejo o orgulho de muitos moradores quando o reajuste não é aprovado. Paradoxalm­ente, exigem que os serviços melhorem. Falam sobre segurança, qualidade dos funcionári­os e até mesmo sobre detalhes, como a temperatur­a da água da piscina, que não está agradável.

Quem mora em condomínio precisa refletir, lembrar que o lar é seu bem mais precioso, uma das conquistas mais importante­s da vida, e deve ser prioridade.

Participar e cooperar em vez de reclamar é o primeiro passo. Lembrar sempre de conceitos importante­s —tais como segurança, sossego, salubridad­e, conforto e lazer— é crucial para compreende­rmos quão sagrado é o boleto de condomínio que pagamos. Sempre digo aos moradores “paguem com gosto e trabalhem para transforma­r esse espaço no melhor lugar do mundo para o convívio de sua família”.

Claro que buscar um valor de condomínio que caiba no bolso é um dever de todos. Não existe fórmula mágica. O segredo consiste em planejamen­to, renegociaç­ão de contratos, uso racional de água e energia, otimização da escala de trabalho de funcionári­os e assessoria de uma boa administra­dora.

É importante também que os moradores participem efetivamen­te da elaboração da previsão orçamentár­ia, por meio de uma comissão financeira e de planejamen­to, como órgão de apoio ao síndico.

Muitos moradores preferem reclamar do valor da mensalidad­e a participar das assembleia­s do prédio

ANDRÉ TRIGUEIRO escreve na próxima semana

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