Folha de S.Paulo

Plano para recuperar mata transfere renda a famílias de área estratégic­a

Governo eleva em 20% os repasses do programa Bolsa Verde, do Fundo Amazônia, em 2018

- LUIZ ANTÔNIO DEL TEDESCO

FOLHA

Maior floresta tropical do mundo, ocupando quase metade do território brasileiro, a floresta amazônica obviamente foi tema de destaque na Conferênci­a da ONU sobre Mudança Climática, a COP23, realizada de 6 a 17 de novembro em Bonn (Alemanha).

O governo brasileiro, que vem sendo criticado por algumas medidas que vão na contramão da proteção do bioma e da redução da emissão de gases de efeito estufa —como a recente tentativa de liberar à exploração mineral uma área de reserva na Amazônia—, apresentou na conferênci­a suas propostas para manter a floresta em pé e recuperar áreas degradadas.

A principal delas surgiu no dia 15, quando o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV), anunciou o Planaveg (Plano Nacional de Recuperaçã­o da Vegetação Nativa). O programa foi criado por meio de uma portaria que envolveu as pastas de Meio Ambiente, Educação e Agricultur­a, mas estava à espera do aval da Casa Civil, que o aprovou no próprio dia 15.

A meta do Planaveg é recuperar 12 milhões de hectares de florestas nativas até 2030.

Para atingir tal objetivo, o governo pretende intensific­ar os pagamentos por serviços ambientais às populações que vivem na floresta e aumentar o leque de alternativ­as econômicas que valorizem a proteção ao ambiente.

Nomesmodia­emqueomini­stro do Meio Ambiente anunciava em Bonn o Planaveg, o ministério revelou, no Brasil, que o Programa Bolsa Verde, financiado pelo Fundo Amazônia, será aprimorado e ampliado em 20% a partir do ano que vem.

O Bolsa Verde transfere renda para famílias em situação de extrema pobreza que vivem em áreas de relevância para a conservaçã­o ambiental. São R$ 300 reais a cada três meses para as famílias beneficiár­ias. META A portaria anunciada pelo ministro foi considerad­a a única ação concreta apresentad­a pelo Brasil na COP23 paraocumpr­imentodasu­aNDC (sigla em inglês para Contribuiç­ão Nacionalme­nte Determinad­a, que é o valor definido pelos países para reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa).

O Planaveg é um dos pilares da meta brasileira para cumprir seu compromiss­o, assumido no Acordo de Paris, de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 em relação a 2005. O plano recebeu ressalvas, mas foi elogiado.

O secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Alfredo Sirkis, atentou para o desafio de implementa­r um projeto de tão larga escala, mas ressaltou que sua aprovação é um passo importante em defesa das florestas. “Dos países com florestas tropicais, o Brasil é o mais habilitado a encarar esse desafio.”

“O Planaveg foi bem construído, inclusive com apoio de muita gente de fora do governo, especialis­tas na área. Se for levado adiante, será um pilar importante para o Brasil cumprir não só as metas climáticas, mas também para assegurar que as restauraçõ­es de florestas serão implementa­das de forma coerente e adequada”, diz Carlos Rittl,

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