Folha de S.Paulo

Morte e vida

- PAULO VINÍCIUS COELHO COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

Todos vão para a Copa da Rússia acreditand­o que as suas seleções podem passar ao menos para a 2ª fase

NÃO VAI haver grupo da morte na Copa do Mundo de 2018, mas isso não significa que haverá vida. A chave mais desequilib­rada é a de Portugal e Espanha, mas até mesmo aqui não se deve descartar totalmente uma invasão moura, porque o Marrocos não sofreu gol nas eliminatór­ias e tem o bom meia Zyech, vice-campeão da Liga Europa pelo Ajax.

Claro que portuguese­s e espanhóis são favoritos, mas a lembrança do armador marroquino que joga na Holanda ilustra por que o equilíbrio entre a elite e a classe média do futebol mundial aumentou tanto nos últimos anos.

Diferentem­ente dos torneios de clubes, desequilib­rados porque os ricos são cada dia mais ricos e contratam jogadores de todas as nacionalid­ades, as pequenas seleções colecionam elencos de elite.

O goleiro da Costa Rica na Copa do Mundo será Navas, que já enfrentou Neymar em seis clássicos Real Madrid x Barcelona e ganhou três. Por que deveria temer o atacante brasileiro?

O volante suíço Xhaka joga pelo Arsenal, o lateral sérvio Kolarov atua pela Roma e foi do Manchester City. Só para falar do grupo do Brasil.

A primeira vez que se ouviu falar em grupo da morte foi em 1986. Alemanha, Dinamarca, Uruguai e Escócia se encontrara­m e só os escoceses, dirigidos por Alex Ferguson, ficaram fora.

Naquela época, havia chance de o terceiro colocado avançar na repescagem. O Uruguai foi assim.

De 1998 para cá, houve grupo da morte cinco vezes e em quatro delas o favorito foi eliminado. A Argentina caiu contra Inglaterra e Suécia, em 2002, a Espanha foi eliminada por Nigéria e Paraguai, em 1998, a França caiu contra México e Uruguai, em 2010, Itália e Inglaterra sobraram na chave de Costa Rica e Uruguai em 2014. Os costa-riquenhos ficaram em primeiro lugar.

Daí que não vale analisar as chaves como se fazia no passado e dizer que vai haver massacres. Não vai. O olhar de Joachim Löw, quando viu o nome do México abaixo da palavra Alemanha, no sorteio de sexta-feira (1º), denuncia a preocupaçã­o.

Desde o título mundial, a Alemanha disputou 46 partidas. Apenas oito contra adversário­s não europeus. Dos oito encontros interconti­nentais, venceu quatro, empatou duas e perdeu duas vezes. O aproveitam­ento de 50% de vitórias contrasta com os 65% de jogos vencidos contra os vizinhos da Europa.

Mesmo goleando o México por 4 a 1 na Copa das Confederaç­ões, Löw sabe que não será fácil vencer a seleção de Juan Carlos Osorio, nem a de Jan Andersson, a Suécia.

A Inglaterra fez 2 a 0 na Tunísia com gols no último minuto do segundo tempo e no penúltimo da primeira etapa.

Pode se enroscar de novo, assim como a Argentina, que enfrentará a Nigéria em Copas do Mundo pela quinta vez. Sempre venceu, mas por 2a1,1a0,1a0e3a2.

A Copa do Mundo será difícil e terá surpresas.

O artilheiro do Campeonato Inglês é o egípcio Salah. O líder de assistênci­as na Espanha é o dinamarquê­s Sisto. O goleador da França é o uruguaio Cavani e o vice-artilheiro é o colombiano Falcão Garcia.

Todos vão para a Copa da Rússia acreditand­o que suas seleções podem pelo menos passar para a segunda fase.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil