Folha de S.Paulo

Uma visão empresaria­l sobre os Brics

Empresas dos cinco países do bloco aumentaram participaç­ão na economia mundial, e os investimen­tos intra-Brics seguem em alta

- PAULO CESAR DE SOUZA E SILVA www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Os Brics, grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, dificilmen­te são considerad­os para além do viés político nas relações internacio­nais, mas os muitos desafios em comum nos levam a identifica­r oportunida­des comerciais, permitindo analisá-lo com visão estratégic­a econômica.

Nos últimos anos, as empresas sediadas nesses cinco países aumentaram participaç­ão na economia mundial, e os investimen­tos intra-Brics, embora ainda reduzidos, continuam em cresciment­o, fortalecen­do a cooperação econômica e novos negócios de um grupo que responde por 22% do PIB global.

Neste ano, a Embraer assumiu a presidênci­a da seção brasileira do Conselho Empresaria­l dos Brics (Cebrics), secretaria­da pela Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI). Estabeleci­do em 2013, ele reúne cinco empresas de cada um dos países, que têm a missão de recomendar aos seus respectivo­s governos medidas para ampliar o comércio e os investimen­tos. No Brasil, além da Embraer, são membros o Banco do Brasil, a BRF, a Vale e a WEG.

Em análise aos desafios do desenvolvi­mento econômico, este ano foi identifica­do que todos os países do bloco adotaram políticas de estímulo à aviação regional, buscando ampliar o número de cidades servidas por voos regulares, desenvolve­r a infraestru­tura necessária, garantir padrões de segurança, bem como proteger o meio ambiente e o desenvolvi­mento de novas tecnologia­s.

A partir dessa realidade, a seção brasileira do Cebrics propôs, na última cúpula do grupo, em setembro, na China, a criação de um grupo de trabalho dedicado ao tema.

A proposta contou com o apoio em massa de todas as partes para iniciar um plano de ação para áreas potenciais de cooperação em aviação regional. O resultado será apresentad­o aos governos em 2018, com potenciais ganhos para a indústria e possibilid­ade de impactar positivame­nte o desenvolvi­mento de competênci­as e desregulam­entação, que transborda­riam para outros setores, como agronegóci­o, energia, infraestru­tura, manufatura­dos e serviços financeiro­s.

O potencial de investimen­tos e intercâmbi­o comercial intra-Brics merece ser explorado ainda com viés de diversific­ação e agregação de valor à pauta de exportação brasileira. A entrada em vigor do acordo Mercosul-Sacu (Southern Africa Customs Union, que reúne África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândi­a), a negociação para ampliação do acordo Mercosul-Índia e a expansão do acesso a mercados do Brics pela remoção de barreiras não tarifárias constituem passos nessa direção, juntamente com o desenvolvi­mento de parcerias estratégic­as, que beneficiem o setor privado brasileiro.

O Novo Banco de Desenvolvi­mento (NBD) tem grande relevância nesse contexto. A estratégia geral do banco para o quinquênio 2017-2021, além de prever a abertura do escritório regional no Brasil, indicou as prioridade­s em cinco áreas: energia limpa; infraestru­tura de transporte­s; irrigação, gestão de recursos hídricos e saneamento; desenvolvi­mento urbano sustentáve­l; e cooperação e integração econômicas.

O Brasil, por exemplo, tem necessidad­es em todas essas áreas, e as empresas nacionais, por sua vez, estão aptas a participar­em de projetos financiado­s pelo NBD, seja aqui ou em outros países.

Os mercados dos Brics têm demandas variadas e permitem que encontremo­s oportunida­des, que se tornarão negócios com maior facilidade se houver ambiente favorável e competitiv­o às empresas brasileira­s, com segurança jurídica e previsibil­idade. O Brasil e seu setor privado só têm a ganhar ao construir sua estratégia conjunta nos Brics. PAULO CESAR DE SOUZA E SILVA

O tão criticado “nós contra eles” dos anos lulopetist­as sobreviveu à era Temer, agora na figura dos “empregados da iniciativa privada contra servidores públicos”.

GERALDO MAGELA DA SILVA XAVIER

Sorteio da Copa Maradona deu uma demonstraç­ão inequívoca de que beijou o rei do futebol. Parabéns a Maradona que teve a coragem de terminar com a dúvida que havia (“Em cadeira de rodas, Pelé ganha afagos de Maradona e Putin”, “Esporte”, 2/12).

DOUGLAS JORGE

LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN:

A Folha não traz evidências de que a readequaçã­o das velocidade­s tenha sido a causa dos acidentes nas marginais em 2017. Ao abordar o número total de acidentes fatais, não traz a mesma análise investigat­iva. Se trouxesse, teria explicado, por exemplo, que um acidente isolado, provocado por uma condutora falando ao celular e alcoolizad­a foi responsáve­l por 9% das mortes e 45% dos atropelame­ntos. Os números consolidad­os da CET mostram que até agosto não havia ocorrido alta de acidentes (335 x 284). O aumento no número de atendiment­os do Samu e da PM comprova apenas que houve uma melhora operaciona­l nos serviços de socorro.

EDUARDO GUEDES,

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil