Folha de S.Paulo

Projeto em redes sociais pretende listar congressis­tas que não devem ser reeleitos

Com o nome de ‘Tchau, Queridos’, ferramenta vai se basear em ranking de parlamenta­res segundo votação em temas chave

- JOELMIR TAVARES

O “tchau, querida”, assíduo nos cartazes e gritos de quem pedia a saída de Dilma Rousseff (PT) em 2016, volta ampliado, batizando um projeto do Vem pra Rua (VPR) que quer fazer campanha contra políticos ficha suja em 2018.

Com o “Tchau, Queridos”, o grupo que puxou atos pelo impeachmen­t se une ao Ranking dos Políticos para divulgar em redes sociais o nome de congressis­tas que não devem ser reeleitos, segundo critérios das duas organizaçõ­es.

Pelo menos 15 parlamenta­res já estão na fila da antipropag­anda, que começa a ser feita nos próximos dias e seguirá até perto da votação. Na primeira leva há filiados a PMDB, PSD, PT e Avante.

“Ainda temos muitos ‘queridos’ que precisam sair para a vida política melhorar no Brasil”, diz o empresário Rogerio Chequer, líder do VPR —a expressão entrou para o anedotário político após a divulgação do telefonema de Dilma a Lula, no ano passado.

A iniciativa é um novo passo do grupo rumo ao pleito de 2018. Ao lado de outros movimentos, o VPR também integra a Frente pela Renovação, que quer apoiar candidatos à Câmara e ao Senado, principalm­ente novatos.

Os fatores para a escolha dos “queridos” que, de acordo com os ativistas pró-renovação, devem ficar longe dos cargos públicos partem da base de dados do Ranking dos Políticos. O site classifica os congressis­tas por caracterís­ticas como participaç­ão em sessões, gasto de verba pública e processos na Justiça.

“Não tem direcionam­ento pró-esquerda ou pró-direita”, diz Alexandre Ostrowieck­i, um dos fundadores do Ranking, ao falar do “caráter apartidári­o” da ferramenta. O projeto prega o combate à corrupção e a eficiência do serviço público. Defende livre iniciativa, propriedad­e privada e regime de mercado.

Além dos critérios objetivos, entra na conta a qualidade dos projetos de lei, julgada por conselheir­os que atribuem notas (positivas ou negativas) conforme o posicionam­ento nas principais votações.

Quem se colocou a favor do impeachmen­t de Dilma ganhou 25 pontos. Quem votou pela continuida­de das ações contra Michel Temer somou 5 (na primeira denúncia) e 10 pontos (na segunda). Senadores que votaram para manter Aécio Neves (PSDB-MG) afastado angariaram 30 pontos.

Já o voto contra a reforma trabalhist­a, por exemplo, tirou 20 pontos do “prontuário”. Também entram na somatória os votos nas sessões sobre o projeto das dez medidas contra a corrupção, o fim do foro privilegia­do e a criação do novo fundo eleitoral.

“Vamos deixar claro como é feita a seleção e aí as pessoas fazem seu próprio julgamento”, diz Chequer, que é colunista da Folha .Alémda classifica­ção feita pelo site, o “Tchau, Queridos” vai levar em conta na sua relação o tempo de atuação no Congresso e se o parlamenta­r é de “dinastia” política —ambas as atribuiçõe­s pesam contra ele.

Na segunda-feira (4), quem aparecia em primeiro lugar no Ranking era o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) — beneficiad­o pela nota de desempenho nas votações. O úl- timo era o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) —prejudicad­o pela pontuação de ações judiciais abertas contra ele.

Com a divulgação da “lista suja da política”, os orga- nizadores afirmam querer lançar luz sobre o passado de candidatos e promover um ambiente de representa­tividade alinhado com os desejos da população.

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Divulgação Rogerio Chequer (ao centro) durante lançamento do projeto no Congresso Nacional

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