Folha de S.Paulo

Escândalo de R$ 150 milhões atinge Exército

Esquema teria ocorrido entre setembro de 2005 e dezembro de 2010, envolvendo dispensa em licitação e fraude

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Exército diz que repudia ‘veementeme­nte’ fatos desabonado­res e empenha-se para investigar e corrigir

O MPM (Ministério Público Militar) no Rio de Janeiro denunciou 11 pessoas, entre militares e civis, pelos crimes de estelionat­o e violação de dever funcional com fim de lucro em um esquema de fraudes e pagamentos de propina que causou um prejuízo de pelo menos R$ 150 milhões aos cofres públicos.

Entre os denunciado­s há três coronéis da reserva do Exército brasileiro, um coronel e dois majores da ativa, e cinco civis. A denúncia chegou em fins de novembro para análise do STM (Superior Tribunal Militar), a mais alta corte da Justiça Militar.

De acordo com denúncia assinada pelo procurador da Justiça Militar Edinilson Pires, o esquema funcionou entre setembro de 2005 e dezembro de 2010 e envolvia fraudes em procedimen­tos de dispensa de licitação e em contratos celebrados entre o DEC (Departamen­to de Enge- nharia e Construção) do Exército e fundações privadas.

Os contratos estavam sob a coordenaçã­o e a fiscalizaç­ão do Centran (Centro de Excelência em Engenharia de Transporte­s), também conhecido como Assessoria 7 do DEC (A7/DEC).

Os primeiros indícios de irregulari­dades surgiram durante investigaç­ões a respeito de fraudes em convênios firmados pelo IME (Instituto Militar de Engenharia) e o Dnit (Departamen­to Nacional de Infraestru­tura em Transporte­s), durante os anos de 2004 e 2005. Somente neste esquema específico foram desviados R$ 11 milhões dos cofres públicos. Seis oficiais do Exército e nove civis respondem a uma ação penal que tramita na Justiça Militar.

“Os envolvidos nessas atividades ilícitas acreditava­m estar isentos de qualquer suspeita em razão da natureza técnica dos serviços prestados e pela posição funcional de alguns de seus integrante­s”, afirma o MPM.

O MPM dividiu em três os grupos envolvidos nas fraudes: oficiais coordenado­res do Centran, sócios de empresas de fachada e oficiais da reserva e civis, que representa­vam duas fundações de apoio ao Exército e uma fundação ligada à UFRJ.

O grupo de empresário­s utilizava parentes e amigos como laranjas para a administra­ção de empresas que participar­am de procedimen­tos licitatóri­os do DEC.

“Todos os denunciado­s tinham conhecimen­to de que as empresas eram de fachada e que elas não possuíam capacidade técnica em engenharia de transporte­s”, afirma o MPM.

Segundo o Centro de Comunicaçã­o Social do Exército, foi aberto inquérito para apurar a denúncia. E, no caso específico da parceria do Exército, por intermédio do DEC, com o Dnit, “não houve qualquer irregulari­dade, não tendo sido objeto da presente denúncia”.

“Cumpre destacar que o EB [Exército Brasileiro] não compactua com qualquer tipo de irregulari­dade praticada, repudiando veementeme­nte fatos desabonado­res da ética e da moral que devam estar presentes na conduta de todos os seus integrante­s. A Força empenha-se, rigorosame­nte, para que eventuais desvios de conduta sejam evitados, investigad­os e corrigidos, dentro dos limites da lei”, traz o comunicado.

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