A mudança da embaixada para Jerusalém foi uma promessa
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciará nesta quarta-feira (6) a mudança da embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. A medida representa uma mudança radical na política americana para o Oriente Médio e põe em xeque a capacidade de Washington de mediar negociações entre palestinos e israelenses.
Em nota, a Casa Branca informou que o presidente anunciará a transferência em discurso às 13h locais (16h em Brasília). Junto com ele, será apresentado o cronograma para a construção de uma nova representação diplomática, que prevê inaugurar, no máximo, em quatro anos.
Nesta terça, o republicano havia informado por telefone o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, sobre o anúncio oficial.
“O presidente Abbas alertou [o presidente Trump no telefonema] para as consequências perigosas de tal decisão sobre o processo de paz e para a paz, a segurança e a estabilidade da região e do mundo”, afirmou o porta-voz do líder palestino, Nabil Abu Rdainah, em nota.
Mais tarde, Abbas fez um apelo para que o papa Francisco e os líderes da Rússia, da França e da Jordânia tentem dissuadir Trump.
O rei Abdullah, da Jordânia, afirmou ter dito a Trump que a decisão teria “repercussões perigosas na estabilidade e na segurança da região”, obstruindo o esforço americano para retomar as negociações. Além disso, assinalou, há risco de inflamar as comunidades cristã e islâmica.
Antes, a indefinição americana sobre a mudança de sua embaixada em Israel havia levado diversos líderes muçulmanos a se manifestarem contra a mudança.
Os governos saudita e turco e a Liga Árabe afirmaram que a medida poderia dificultar um acordo entre israelenses e palestinos e aumentar o risco para militares e diplo- matas americanos na região —temores aventados também pelo alto escalão do governo Trump, incluindo o secretário de Estado, Rex Tillerson, e o da Defesa, Jim Mattis.
Diante da possibilidade de violência, o Departamento de Estado proibiu diplomatas americanos de irem a Jerusalém e reforçou a segurança em todas as representações dos EUA no Oriente Médio. PROMESSA
NABIL ABU RDAINAH
porta-voz de Mahmoud Abbas de Trump na campanha presidencial, em 2016. Diante da oposição no próprio gabinete, contudo, a Casa Branca estuda como fazer a mudança e conter danos.
Israel conquistou a porção Oriental de Jerusalém em 1967, anexando-a em seguida e declarando toda a cidade como sua capital. A medida não foi reconhecida nem pelos EUA nem pela comunidade internacional, e a maior parte dos países mantém suas embaixadas em Tel Aviv.
Os palestinos, por sua vez, reivindicam que Jerusalém Oriental seja a capital de seu futuro Estado. A Liga Árabe convocou uma reunião de emergência sobre o assunto.
O secretário-geral da organização, Ahmed Abul Gheit, considerou “perigosa” uma possível mudança da embaixada, que, afirma, ameaça a estabilidade regional.
Sem citar Trump, Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia, pediu
consequências sobre o processo de paz e a estabilidade da região e do mundo