Submarino teve mesmo problema antes de desaparecer, diz ministro
Tripulação do ARA San Juan relatou entrada de água por sistema de ventilação em setembro
Oscar Aguad admitiu também que militares morreram no sumiço da embarcação, o que irritou as famílias
O ministro da Defesa da Argentina, Oscar Aguad, admitiu pela primeira vez que os 44 tripulantes do submarino ARA San Juan estão mortos e confirmou que, meses atrás, a embarcação registrou um problema semelhante ao apontado pelo comandante em sua última comunicação.
Em entrevista ao canal Todo Noticias na noite de segunda-feira (4), Aguad afirmou que a decisão pelo fim das buscas por sobreviventes foi tomada após um informe da Marinha apontar que “as condições do ambiente extremo em que se desenvolveu o ocorrido e o tempo que havia transcorrido eram incompatíveis com a vida humana”.
“Quer dizer que estão todos mortos?”, perguntou no programa o jornalista Joaquín Morales Solá. “Exatamente”, respondeu. Aguad esclareceu que a busca feita agora pelo submarino “não é incompatível” com o pedido das famílias — que querem a restituição dos corpos dos tripulantes da embarcação, que sumiu em 15 de novembro quando ia de Ushuaia a Mar del Plata.
Na última comunicação feita à base, o comandante disse que a água entrara pelo sistema de ventilação do submarino e chegara às baterias, levando a um curto-circuito com princípio de incêndio.
Aguad afirmou que o ARA San Juan teve em setembro um “incidente similar” ao apontado por seu comandante em seu último contato, mas neste caso a água não chegou às baterias.
No entanto, diz o ministro, antes da última missão foram realizados “todos os controles”, que apontaram que o submarino “estava em perfeitas condições de navegar”.
“O capitão deixou escrito um informe dizendo para averiguar o problema quando o submarino passasse por revisões, em setembro de 2018. Isso era considerado uma avaria menor”, acrescentou. RAIVA As declarações causaram raiva nos familiares nesta terça (5). “Oscar Aguad deveria ter tato e respeito por nós. Primeiro deveria falar com as famílias”, afirmou Sandra, cunhada do submarinista Cristian Ibáñez, à rádio La Red.
“Na sexta, não disse que todos estavam mortos. Disse que iam continuar buscando”, afirmou Claudio Rodríguez, irmão do tripulante Hermán Rodríguez, à Radio Latina. “Queria saber como sabe se estão mortos e onde estão. Até que eu veja o barco, não pensarei o contrário.”
“São videntes? Se estão mortos, que tragam os corpos”, disse Marta, irmã de Celso Vallejos, à rádio Delta.
Jornais argentinos revelaram ainda nesta terça que o ARA San Juan se comunicou oito vezes em 15 de novembro, segundo registros da empresa Tesacom, que audita as linhas satelitais Iridium.
Segundo o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, a planilha corrobora que a última ocorreu entre as 7h19 e as 7h26, momento do último contato com a base.