PSDB ainda não sabe se “fecha a questão”
O presidente Michel Temer intensificou a pressão sobre a base aliada na Câmara com o discurso de que o cenário mudou e é favorável para a votação da reforma da Previdência. No entanto, ainda há resistência de aliados para votar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) neste ano.
Esta quarta-feira (6) é tida pelo governo como o “dia D” da reforma. Temer reunirá líderes para ter um raio-X mais realista sobre as intenções de voto dos deputados. Há também uma série de encontros em diferentes partidos para que a reforma seja debatida.
Para tentar provocar um efeito pró-reforma em outras legendas, a bancada do PMDB encaminhou à cúpula da sigla um pedido para “fechar a questão” —ou seja, determinar que todos os deputados do partido votem a favor, estabelecendo, para quem não seguir a decisão, punições que podem incluir até a expulsão.
Temer telefonou ao presidente nacional do PMDB, se- nador Romero Jucá (Roraima), e pediu que marque reunião da executiva nacional do partido o mais rápido possível para discutir o fechamento de questão. RESISTÊNCIA Apesar da mobilização, siglas governistas como PSD, PP, PR, DEM e PRB manifestaram —alguns até publicamente— posição contrária a fechar questão pela reforma. O PSDB, por exemplo, discute nesta quarta o assunto, que encontra resistências.
Temer falou nesta terça-feira (5) que só pedirá que a reforma previdenciária vá para o plenário da Câmara quando houver votos suficientes para aprová-la.
Ele afirmou acreditar que o clima pessimista sobre a aprovação da proposta neste ano mudou e que é possível conseguir apoio para votá-la neste mês no plenário.
Os últimos cálculos feitos pelo Planalto, no entanto, apontam um placar de 266 votos, número inferior aos 308 necessários para aprovar uma proposta de emenda constitucional. SENADO “Nós estamos conversando muito. Eu falei há pouco com o presidente Eunício Oliveira [Senado] e ele está entusiasmado em votar em fevereiro se aprovar agora [na Câmara]. Evidentemente, temos
Governo apresenta reforma menor para tentar obter apoio de parlamentares
de ver se tem votos. Se não tem votos, não faz sentido [votar]”, disse.
O presidente falou com jornalistas no almoço em homenagem ao presidente da Bolívia, Evo Morales, no Palácio do Itamaraty.
A partir do mapeamento dos encontros desta quarta, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidirá se pautará ou não a votação para semana que vem.
“Não marquei nada sobre o início da discussão. Só saberemos se tem voto para levar a reforma ao plenário depois das reuniões com os líderes”, disse o presidente da Câmara à Folha.
Ele, porém, defendeu que a reforma seja votada ainda neste ano. “Sem a reforma da Previdência, nós podemos ter um 2018 muito ruim e um 2019 péssimo”, disse.
Já o relator da proposta, Arthur Maia (PPS-BA), vai na contramão do discurso de ambos. Ele disse ser a favor de colocar a proposta na pauta da Casa mesmo que o placar esteja apertado.
Apesar do discurso de euforia adotado por Temer e outros aliados, governistas admitem nos bastidores que ainda não há razão para cantar vitória. (GUSTAVO URIBE, DANIEL CARVALHO, LAÍS ALEGRETTI, TALITA FERNANDES, ANGELA BOLDRINI, MARINA DIAS E LEANDRO COLON)
DE SÃO PAULO
Integrantes do PSDB deram declarações contraditórias em relação à reforma da Previdência nesta terça-feira (5). O presidente interino, Alberto Goldman, disse que sua posição pessoal é pelo fechamento de questão, isto é, que os deputados sejam condicionados a votar pelo texto para não serem expulsos.
“Nunca falei nem que sim nem que não, é uma possibilidade. A minha posição é favorável ao fechamento, o partido precisa ter uma posição clara e definida”, afirmou.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu a aprovação durante reunião com a bancada do PSDB na Câmara, mas saiu do encontro lembrando a polêmica sobre o tema. “Não há unanimidade em nenhum partido, mas há espaço para convencimento, e vou procurar ajudar nesse convencimento”, disse o tucano.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), deixou em aberto a reunião da executiva marcada para esta quarta-feira (6). “Não tendo a votação da Previdência, a bancada entende que não é necessária a reunião da executiva amanhã. (LAÍS ALEGRETTI E THAIS BILENKY)