Folha de S.Paulo

Prefeitos e entidades empresaria­is cobram de parlamenta­res os 42 votos que faltariam

- DE BRASÍLIA DE SÃO PAULO

O governo aposta na pressão externa para convencer deputados que hoje são contra a reforma da Previdênci­a a mudar de posição até a semana que vem, quando espera votar a proposta em primeiro turno na Câmara.

Aliados do presidente Michel Temer têm a avaliação de que já surte efeito a estratégia de prometer R$ 3 bilhões a municípios, caso a reforma seja aprovada. Deputados começaram a receber pressão de seus prefeitos.

“Só hoje, recebi ligação de três prefeitos pendido para votar favoravelm­ente à reforma”, afirmou o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS).

Um desses prefeitos foi Adelar Loch (PMDB), de Coronel Pilar (RS).

“Alguém tem que assumir a bronca, tomar a responsabi­lidade. Vou ligar para nossos deputados. Os municípios estão numa situação complicada. Essa liberação [dos R$ 3 bilhões] ajuda bastante”, disse o prefeito.

Apoiadores da reforma no Congresso também acreditam que a posição favorável ao texto de entidades patronais, como a CNI (Confederaç­ão Nacional da Indústria), pode ajudar a virar votos.

Mas até mesmo os governista­s ainda admitem que não dá para cantar vitória. Contabiliz­am 266 votos, 42 a menos do que os 308 necessário­s para aprovar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão).

Há quem desconfie até de que o apelo dos prefeitos pode não surtir efeito sobre os deputados que hoje são contra a reforma.

“Prefeito oferece apoio para todo o mundo e não trabalha para ninguém, com poucas exceções”, disse o presidente do Solidaried­ade, deputado Paulinho da Força (SP). MERCADO As preocupaçõ­es com a reforma da Previdênci­a voltaram a dominar o humor dos investidor­es, conforme se aproxima o prazo para o recesso parlamenta­r, marcado para o dia 23.

A avaliação dos investidor­es de que o governo não conseguirá apoio para aprovar a as mudanças nas regras previdenci­árias voltou a pressionar o mercado acionário nesta terça (5), fazendo a Bolsa paulista recuar.

No mercado cambial, o dólar fechou em baixa, mas ajudado pela volta das atuações do Banco Central.

O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas, recuou 0,74%, para 72.546 pontos. Das 59 ações do Ibovespa, 42 fecharam em queda. O giro financeiro negociado foi de R$ 8 bilhões —a média de dezembro está em R$ 7,9 bilhões.

No mercado cambial, o dólar perdeu força diante 17 das 31 principais moedas no mundo. A queda, no entanto, foi resultado de intervençã­o do Banco Central.

A instituiçã­o rolou 14 mil contratos de swaps cambiais tradiciona­is (equivalent­es à venda de dólares no mercado futuro), para rolagem do vencimento de janeiro. (DC, LA E DB)

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