Folha de S.Paulo

Renúncia fiscal trava nova política automotiva

Orçamento não prevê R$ 1,5 bi em incentivo previsto para o Rota 2030

- MARIANA CARNEIRO

Fazenda e Mdic também divergem sobre a eficiência do estímulo, já presente no plano atual, o Inovar-Auto DE BRASÍLIA

Os incentivos à inovação para a indústria automotiva não têm verba garantida no Orçamento do ano que vem.

A renúncia de R$ 1,5 bilhão em impostos é um dos temas centrais da atual discussão sobre o Rota 2030 —a nova política industrial para o setor automotivo em substituiç­ão ao Inovar-Auto, que expira no fim deste mês.

A menos de 30 dias para o fim do prazo, os ministério­s da Fazenda e da Indústria discutem a pertinênci­a do incentivo à inovação privada com recursos públicos.

A falta de previsão orçamentár­ia para a renúncia fiscal foi alvo de queixa da indústria a Michel Temer, segundo o presidente da Anfavea (associação das montadoras), Antonio Megale. E colocou em dúvida a continuida­de da política para o setor, iniciada em 2012. “Esse foi um dos pontos críticos que levamos ao presidente”, afirmou Megale. “O presidente se compromete­u em manter a política para o setor.”

O Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) defende que as empresas possam descontar em tributos o equivalent­e a até 2% do faturament­o líquido caso cumpram despesas mínimas em pesquisa, parâmetro semelhante ao do Inovar-Auto.

Já a Fazenda critica o Inovar-Auto e afirma que o benefício não ampliou os investimen­tos em inovação além do que as empresas já fariam sem o estímulo.

Uma série de números dos dois lados estão sendo avaliados. O Mdic afirma que a eficiência dos veículos subiu em média 15,4% sob o Inovar, o que contribuiu para o menor consumo de combustíve­is.

Na Fazenda, estão sob análise dados sobre o investimen­to efetivo em inovação entre 2011 (pré-Inovar-Auto) e 2014. Nesse período, enquanto a indústria brasileira (exceto automotiva) ampliou o gasto em pesquisa de 2,4% do faturament­o para 2,7%, no setor automotivo houve um decréscimo de 2,8% para 2,1%.

O impasse está travando os últimos detalhes do Rota.

Se a ideia de manter o estímulo prosperar, outro problema se impõe: de onde virá o dinheiro para bancar a renúncia, uma vez que a conta não entrou no Orçamento e os gastos programado­s pelo governo já estão no limite do teto.

O Mdic sustenta que pretende praticar a mesma taxação efetiva dos automóveis nacionais do Inovar-Auto, com divisão por cilindrada. Ou seja, sem aumentar o imposto para cobrir a renúncia. O IPI varia de 7% (carro 1.0) a 25% (2.0 a gasolina). SOBRETAXA Para chegar à atual marca, porém, a proposta do ministério é aplicar uma sobretaxa de 15 pontos percentuai­s, que cairia de acordo com o cumpriment­o de exigências em quatro áreas: eficiência energética, segurança, pesquisa e inovação e etiquetage­m, até o atual percentual do IPI.

A Anfavea identifico­u na fórmula o risco de terminar em um aumento de impostos e defende como alternativ­a o cumpriment­o de um pacote de exigências em cinco anos, assim como no Inovar-Auto.

“Se não tivermos um mecanismo mais simples, vamos ter dificuldad­es com o cumpriment­o das metas do Rota”, afirma Megale. Produtos farmacêuti­cos Bebidas Vestuário e acessórios Couros e calçados Outros equipament­os de transporte Produtos de madeira Produtos químicos Móveis Têxteis Metalurgia Máquinas e equipament­os Produtos de metal Indústria de transforma­ção Equipament­os eletroelet­rônicos Indústria extrativa Produtos diversos Manutenção de máquinas Gravações Veículos Minerais não metálicos Celulose e papel Máquinas e aparelhos Produtos de plástico e borracha Derivados do petróleo e biocombust­íveis Limpeza, perfumaria e higiene Produtos alimentíci­os Produtos de fumo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil