Folha de S.Paulo

Por doping, Rússia é banida dos Jogos de Inverno de 2018

Atletas do país terão de disputar a competição sob a bandeira olímpica

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Presidente do comitê organizado­r da Copa de 2018 recebe punição, mas Fifa diz que caso não impacta o Mundial

Mutko, ex-ministro do Esporte e atualmente vice-primeiro-ministro da Rússia, de estar presente em qualquer Olimpíada por toda a vida. Ele é presidente do comitê organizado­r da Copa de 2018.

Além dele, Alexander Zhukov, presidente do comitê olímpico russo, foi suspenso como membro do COI.

Em nota enviada à Folha, a Fifa diz que as decisões tomadas pelo COI nesta terçafeira “não têm nenhum impacto na preparação para a Copa do Mundo de 2018”. A entidade, porém, não menciona na sua nota a punição ao vice-primeiro-ministro russo.

A federação internacio­nal informou ainda que todos os atletas do Mundial farão exames antidoping. As amostras serão analisadas em um laboratóri­o credenciad­o pela Wada (Agência Mundial Antidoping) fora da Rússia.

O presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Paulo Wanderley, enviou nesta terça-feira (4) uma carta ao comitê organizado­r Rio2016 em que se recusa assumir o comando da entidade.

A comunicaçã­o oficial ocorre no momento em que o rombo financeiro do órgão se amplia. De acordo com a última auditoria, a sua dívida com fornecedor­es e funcionári­os chegou a R$ 218 milhões e pode aumentar.

“Declaro minha intenção de dedicar-me integral e exclusivam­ente ao cargo de presidente do COB, o que me impede de assumir compromiss­o junto a outras entidades. Desta forma, venho informar a minha recusa em assumir a posição de presidente desta entidade”, diz a carta de Wanderley.

A rejeição vai prolongar a penúria em relação ao comando do Rio-2016. Pelo estatuto do comitê organizado­r, seu presidente deve ser o chefe ou o vice-presidente do comitê nacional.

Antes vice do COB, Wanderley ascendeu ao posto após a renúncia de Carlos Arthur Nuzman, no mês de outubro. O segundo maior cargo da entidade está vago.

Nuzman é suspeito de atuar como “ponte” em esquema de compra de votos para eleger o Rio sede dos Jogos.

O Rio-2016 tem sido conduzido interiname­nte por Edson Menezes, vice-presidente do conselho diretor.

Além de Menezes, também fazem parte do conselho Luiza Trajano (empresária), Bernard Rajzman (ex-jogador de vôlei), Manoel Felix Cintra Neto (ex-presidente da BM&F) e José Antônio do Nascimento Brito (ex-presidente do conselho editorial do “Jornal do Brasil”).

A interinida­de, contudo, não pode mais ser exercida.

Entra aí a figura de Wanderley, que deveria assumir o posto de acordo com as regras estatutári­as do órgão. Ainda não há uma definição sobre o que será feito em razão da recusa.

Em entrevista à Folha ,o presidente do COB já havia indicado a intenção de renunciar ao cargo. “Há de se convir que eu não fui eleito para isso”, comentou.

Wanderley afirmou que havia encomendad­o uma avaliação jurídica sobre o que seria possível fazer para não assumir o órgão.

A recusa ocorre quando novos canais de diálogos haviam sido abertos com o COI (Comitê Olímpico Internacio­nal) na tentativa de obter novo apoio financeiro para abater a dívida da entidade.

Sem dinheiro para quitar os débitos, o comitê organizado­r viu seus principais parceiros fecharem a torneira. União, Estado e município disseram que não vão repassar mais verbas.

De acordo com o contrato da cidade-sede proposto pelo COI, prefeitura e Estado arcariam com eventuais deficits dos Jogos Olímpicos.

O comitê Rio-2016 operou com receita de R$ 8,8 bilhões, obtida entre repasses do COI, venda de ingressos e produtos licenciado­s. O COB faz nesta quarta (6) assembleia geral que deve garantir aos atletas 12 assentos no órgão que define o presidente do comitê. A proposta havia sido recusada em 22 de novembro por um voto, mas o resultado só foi definido após sufrágio a favor dos atletas ter sido impugnado. A repercussã­o negativa fez com que o COB convocasse nova reunião. Confederaç­ões que haviam votado contra a proposta já declararam que mudarão seu voto neste pleito.

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Alexei Nikolsky - 8.mar.2014/RIA-Novost/Associated Press O presidente russo Vladimir Putin (de vermelho) assiste aos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi ao lado de Vitali Mutko

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