Folha de S.Paulo

Alckmin, mas para quê?

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SÃO PAULO - Despoluir o rio Tietê é promessa de Geraldo Alckmin há mais de década. Ele vive agora o quarto mandato. São 12 anos na cadeira, algo sem paralelo. Seu grupo está no poder desde 1995.

O rio continua imundo, uma vergonha explícita rasgando a cidade mais rica do país.

Há outros Tietês administra­tivos na calha do governo de SP. Nele boiam os trilhos com entrega seguidamen­te postergada, as torneiras secas de três verões atrás, as universida­des públicas em situação de queda livre. Nada disso é desimporta­nte.

Vai ser difícil, portanto, o tucano se apresentar como postulante à Presidênci­a dizendo que é do tipo que faz e acontece com os problemas.

Neste sábado (9), ao ser oficializa­do no comando do PSDB, terá terreno livre para se lançar ao Planalto. Que plataforma usará para decolar do modesto patamar de votos atual?

Poderá enfatizar a melhora nos índices de violência do Estado. Um avanço contínuo, mas, sozinho, insuficien­te para alavancá-lo à vitória —segurança é apenas o quinto item das preocupaçõ­es dos brasileiro­s.

Na economia, deverá dizer que é gestor responsáve­l e que SP nem de longe vive o caos do Rio. Só que a questão fiscal parece boa para derrubar presidente, não para criar um.

O Alckmin que tanto privatizou e concedeu como governador é o mesmo que vestiu a jaqueta em defesa das estatais quando candidato em 2006. Qual deles aparecerá em 2018?

A Previdênci­a é sintoma de outro problema. Ele diz apoiar a reforma, mas o PSDB não vota com o governo —do qual está desembarca­ndo. Como explicar o ame-o-e-deixe-o?

Ser o nome anticorrup­ção já não deu certo da outra vez, derrotado por quem tinha o carimbo do mensalão.

Continuar jogando parado, à espera de que o eleitor se amedronte com Lula e Bolsonaro, não parece lá muito inteligent­e.

O governador fez fama de previsível. O candidato terá de surpreende­r. roberto.dias@grupofolha.com.br

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