Folha de S.Paulo

‹ Defesa diz ter novas provas pró-governador

- REYNALDO TUROLLO JR.

DE BRASÍLIA

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), virou réu nesta quarta-feira (6) sob acusação de corrupção passiva. Por unanimidad­e, a Corte Especial do STJ (Superior Tribunal de Justiça) recebeu denúncia da Procurador­ia-Geral da República, mas decidiu mantê-lo no cargo por entender que não há elementos que justifique­m seu afastament­o, como tentativas de obstruir a Justiça.

Segundo a denúncia, oferecida ao STJ em novembro do ano passado, Pimentel favoreceu a Odebrecht na Camex (Câmara de Comércio Exterior) no período em que foi ministro de Desenvolvi­mento, Indústria e Comércio Exterior do governo Dilma Rousseff, entre 2011 e 2012, em troca de propina.

A Constituiç­ão do Estado de Minas Gerais dispõe que “o governador será suspenso de suas funções: nos crimes comuns, se recebida a denúncia ou a queixa pelo Superior Tribunal de Justiça”. Em maio deste ano, porém, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que cabe ao STJ determinar o afastament­o do governador se entender cabível, sem necessidad­e de aval da Assembleia Legislativ­a para o recebiment­o da denúncia.

Além do petista, tornaramse réus na Operação Acrônimo o empreiteir­o Marcelo Odebrecht, o ex-executivo da Odebrecht João Nogueira, o empresário do ramo gráfico Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, apontado como operador de Pimentel, o então chefe de gabinete do Ministério do Desenvolvi­mento, Eduardo Serrano, e Pedro Medeiros, que teria transporta­do dinheiro.

Marcelo Odebrecht, Nogueira e Bené tornaram-se delatores e admitiram os crimes. Os demais negam. A pena para corrupção passiva vai de 2 a 12 anos de prisão.

O julgamento começou na semana passada e foi suspenso por um pedido de vista do ministro Og Fernandes. O relator, Herman Benjamin, votara na ocasião pelo recebiment­o da denúncia sem afastar Pimentel do cargo, tendo sido seguido por Jorge Mussi.

Nesta quarta, Fernandes devolveu o caso e também acompanhou o relator. Todos os dez ministros presentes no

DE BRASÍLIA

O advogado do governador Fernando Pimentel, Eugênio Pacelli, afirmou à Folha que reuniu novas provas para apresentar aos ministros. “O STJ desconhece provas que chegaram à defesa na semana passada. Tudo será esclarecid­o. A denúncia nem sequer seria recebida”, disse Pacelli, que não adiantou o teor das mesmas.

O advogado Marcelo Leonardo, que representa Eduardo Serrano, ex-chefe de gabinete de Pimentel, disse que contra seu cliente pesam apenas delações . “Com base somente em delação não pode haver sentença condenatór­ia”, afirmou.

Como um “mero chefe de gabinete” à época, segundo o advogado, a única coisa que Serrano fez foi apresentar Benedito Rodrigues de Oliveira Neto a João Nogueira, executivo da Odebrecht.

Procurada, a Odebrecht afirmou, por meio de sua assessoria, que está colaborand­o com a Justiça.

“[A empresa] Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um acordo de leniência com as autoridade­s do Brasil, EUA, Suíça, República Dominicana, Equador e Panamá, e está comprometi­da a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas”, diz a nota. A reportagem não conseguiu localizar as defesas de Bené e de Pedro Medeiros, acusado de buscar a propina.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil