Folha de S.Paulo

Dos índios que vivem na região.

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A Justiça Federal em São Paulo atendeu a um pedido do MPF (Ministério Público Federal) e suspendeu uma portaria do Ministério da Justiça que reduzia a extensão da Terra Indígena Jaraguá, na zona norte de São Paulo, ocupada pelos índios guaranis.

A decisão revoga em caráter liminar a decisão do governo que reduziu para apenas 1,7 hectare a extensão da reserva indígena na área.

O ato anulava uma decisão de 2015 do próprio Ministério da Justiça, que reconheceu a posse permanente dos guaranis na área e estabelece­u a reserva em 512 hectares.

Para o Ministério Público, houve desrespeit­o ao ordenament­o jurídico na portaria do Ministério da Justiça ao anular uma decisão anterior sem prévia consulta aos indígenas.

“Houve aparente violação ao devido processo legal na medida em que o povo guarani, beneficiár­io do ato anulado, bem como a Funai e a AGU nem sequer foram ouvidos”, afirma trecho da liminar.

O MPF considerou ainda que a redução da reserva coloca em risco a estrutura social PROTESTOS Os próprios indígenas já vinham se manifestan­do contra a decisão do ministério. Do dia 13 ao dia 15 de setembro, um grupo de cerca de 200 índios chegou a ocupar a sede do pico do Jaraguá e ameaçou cortar o sinal das antenas de rádio e televisão instaladas no local.

Em 30 de agosto, outros 300 indígenas já haviam ocupado a entrada do escritório da Presidênci­a da República, na avenida Paulista, contra a mudança na demarcação da terra.

“A gente não sai daqui enquanto eles não saírem da nossa casa também”, afirmou à Folha na ocasião Thiago Henrique Karai Djejekupe, 23, liderança do Jaraguá. “Não vamos abaixar a cabeça, vamos continuar resistindo. Não temos interesse em negociar um palmo da nossa terra.”

No mesmo dia, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse durante audiência com índios guaranis em Brasília que vinha sofrendo “pressões imensas” de parlamenta­res contrários à questão indígena.

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