Nenhum outro evento influenciou mais a disputa do que a Guerra dos Seis Dias,
Em dezembro de 1917, o general britânico Edmund Allenby capturou Jerusalém de seus defensores turco-otomanos. Nos últimos cem anos, a cidade foi disputada por diversas maneiras, não só por judeus, cristãos e islâmicos.
As três décadas de domínio britânico viram um fluxo de judeus atraídos pela visão de uma pátria para os judeus. “Paradoxalmente, o sionismo tentou manter distância de Jerusalém, especialmente da Cidade Velha”, disse Amon Ramon, pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa Política de Jerusalém.
“Primeiro, porque era encarada como símbolo da diáspora, e segundo porque os lugares sagrados do cristianismo e do islamismo eram vistos como complicações que poderiam impedir a criação de um Estado judeu.”
Michael Dumper, professor de política do Oriente Médio na Universidade de Exeter, na Inglaterra, disse que, com o choque do fim do domínio otomano, houve um reordenamento entre os árabes.
A oposição à imigração causou diversos confrontos promovidos pelos palestinos, enquanto os judeus se acomodavam às restrições de imigração impostas pelos britânicos em 1939 —que impediram a entrada de muitos que fugiam do Holocausto.
Os árabes rejeitaram a partilha feita pela ONU em 1947. Um dia depois da proclamação da independência de Israel, atacaram o novo Estado.
Jerusalém foi dividida: a parte oeste foi integrada a Israel e a metade leste, incluindo a Cidade Velha, à Jordânia. Mas os dois países, disse Dumper, concentravam suas atuações em outras áreas. Israel ampliou suas prósperas áreas costeiras, como Haifa, Tel Aviv e Ashkelon, enquanto os jordanianos priorizavam o desenvolvimento de Amã.
Na época, Israel hesitava em dar atenção demais a Jerusalém, devido à pressão da ONU e da Europa, segundo Issam Nassar, da Universidade Estadual de Illinois. GUERRAS E INTIFADA em 1967. “Jerusalém se tornou centro de uma devoção intensa, quase um culto, que não existia anteriormente”, disse Rashid Khalidi, professor de estudos árabes modernos na Universidade Columbia.
Como parte dessa mudança, Jerusalém ganhou importância simbólica. O processo culminou em 1980, com lei que determina que “Jerusalém, completa e unida, é a capital de Israel”, ainda que Israel não tenha anexado Jerusalém Oriental abertamente.
O acordo de Oslo, em 1993, postergou a solução de questões centrais, como o traçado das fronteiras, os refugiados e o status de Jerusalém. Desde então, a perspectiva de um acordo de paz duradouro parece cada vez mais distante.
Uma visita do político direitista Ariel Sharon, em 2000, à Esplanada das Mesquitas causou um segundo levante palestino, que custou as vidas de 3.000 palestinos e mil israelenses até 2005.
Yehoshua Ben-Arieh, geógrafo histórico da Universidade Hebraica, afirma que o conflito deve perdurar.“Jerusalém era sagrada para três religiões, mas quando duas nações cresceram na terra de Israel, as duas a tomaram como símbolo. Elas precisam de Jerusalém mais do que Jerusalém precisa delas.”