Folha de S.Paulo

Piorar, mas vamos demorar uns seis anos a voltar ao cenário favorável de antes.”

- TATIANA VAZ

DE SÃO PAULO

Para as empresas, queda de juros significa crédito farto e mais barato, fator que determina muito do negócio. No entanto, nos dois últimos anos, outro aspecto pesou ainda mais para muitas delas: a revisão da própria companhia como um todo.

“Crise é a hora de reduzir custos e despesas, alterar mix de produtos, rever a relação com fornecedor­es, o jeito de precificar e até repensar o futuro —e foi o que muitas fizeram”, afirma Ana Paula Tozzi, da consultori­a AGR.

Exemplos de ajustes assim foram anunciados aos montes em 2015 e 2016. Enquanto a operadora de turismo CVC ampliou as ofertas de viagens corporativ­as, as varejistas Cnova e Extra, do Grupo Pão de Açúcar, e o Magazine Luiza entraram no marketplac­e, venda on-line de produtos de terceiros. Marisa e Riachuelo frearam os planos de abertura de lojas, e as companhias aéreas Latam, Azul e Gol reorganiza­ram rotas de voos.

Tais mudanças as ajudaram a passar pelo período de pouca demanda e muita incerteza da economia, afirmam especialis­tas ouvidos pela Folha.

“A queda da Selic e do desemprego também contribui para um cenário mais favorável, de menor custo de capital”, diz Silvio Campos Neto, da Tendências consultori­a.

O economista aponta que, em tempos mais desafiador­es, é comum que as companhias passem a olhar para dentro de casa, para decidir melhor sobre como irão reduzir dívidas, manter preços e acabar com estoques. LUCRO MAIOR O efeito positivo dos juros menores e a busca de eficiência das empresas listadas em Bolsa mostraram sinais de melhora no ambiente de negócios no terceiro trimestre.

Segundo dados da consultori­a Economatic­a, o lucro somado de 299 companhias de capital aberto atingiu R$ 32,3 bilhões, volume 29% maior que o de um ano antes.

Ao mesmo tempo, a dívida total bruta encolheu, para R$ 1,15 trilhão, valor 2,47% inferior ao de julho a setembro de 2016. O levantamen­to deixa de fora Vale, Transmissã­o Paulista, Petrobras, Oi, AmBev, PDG e Dommo pelo fato de a variação de resultado delas distorcer o estudo geral.

A melhora de resultados é atribuída mais aos esforços das companhias do que à recuperaçã­o isolada da economia, afirma André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimen­tos.

“É preciso separar um pouco as coisas para não entrarmos em um otimismo irreal, sem fundamento.”

De acordo com ele, a inadimplên­cia melhorou um pouco, mas ainda está em um patamar alto, e, em geral, muitos setores estão longe do nível de produtivid­ade dos anos pré-crise. “Paramos de MELHORES E PIORES Pelos dados, os três setores de melhores resultados, com base nas empresas abertas, foram bancos, energia elétrica e seguradora­s.

Para Ricardo Bottas, vicepresid­ente de relações de investidor­es e controlado­ria da SulAmérica, a carteira diversific­ada de seguros facilita a compensaçã­o da alta da Selic, em momentos de crise.

“Também fazemos ajustes

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil