Folha de S.Paulo

Lei pode liberar capitaliza­ção da Caixa com verba do FGTS

Projeto, que precisa de aprovação do Senado, é saída do governo para fazer injeção no banco que é contestada por técnicos do TCU

- FÁBIO FABRINI

A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que autoriza o uso de recursos do FGTS na capitaliza­ção da Caixa. O texto ainda precisa ser votado pelo Senado. A medida foi tomada diante da possibilid­ade de a operação ser barrada pelo TCU (Tribunal de Contas da União). A Caixa buscava aval da corte sem necessidad­e de mudança legal.

O banco pretendia transforma­r parte de sua dívida com o FGTS em um novo empréstimo sem prazo de vencimento (perpétuo), o que foi contestado por Ministério Público de Contas e área técnica do próprio TCU.

Ambos pediram uma medida cautelar para garantir que a operação não fosse realizada até o julgamento do caso pelos ministros da corte. A expectativ­a era que o Conselho Curador do FGTS aprovasse a liberação dos recursos na semana que vem.

Para ganhar tempo e evitar um revés no tribunal, o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, e o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, informaram que o governo adiou a decisão sobre o uso de R$ 10 bilhões em recursos do FGTS para capitaliza­r o banco.

Ao mesmo tempo, o governo enviou projeto de lei para Câmara e conseguiu sua inclusão na lista de propostas votadas em regime de urgência.

O procurador Júlio Marcelo de Oliveira, autor da representa­ção no TCU contra a tentativa de capitaliza­ção, disse que a aprovação do projeto não impede que o tribunal barre a operação devido às irregulari­dades detectadas.

O Planalto pretende concretiza­r o negócio ainda em dezembro. Sem dinheiro neste mês, a Caixa fica sob risco de não poder conceder novos empréstimo­s a partir de 2018.

O uso do fundo para injetar recurso na Caixa é prioridade do governo, que diz não ter como investir no banco.

A partir de 2018, a Caixa só poderá fazer empréstimo­s se tiver mais dinheiro próprio para garanti-los. As normas estão previstas no acordo de Basileia 3 (regras internacio­nais mais rigorosas de capital).

O banco tenta refinancia­r R$ 10 bilhões dos R$ 260 bilhões em dívidas que tem com o FGTS. Com essa repactuaçã­o, o fundo receberá juros mais altos. Além disso, a remuneraçã­o do título só ocorrerá se a instituiçã­o tiver lucro ou reservas para isso.

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Pedro Ladeira - 21.nov.2017/Folhapress Gilberto Occhi, presidente da Caixa, no Palácio do Planalto

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