Folha de S.Paulo

Eleições de clubes paulistas têm denúncias e ‘fake news’

Santos e Corinthian­s convivem com acusações em pleito presidenci­al

- ALEX SABINO

Sócios do Santos votam neste sábado (9) na Vila Belmiro, enquanto escolha de corintiano­s será em fevereiro DE SÃO PAULO

O dia a dia dos candidatos a presidente de Santos e Corinthian­s mudou em relação a eleições passadas. Além de pedir votos a associados e apresentar propostas, eles gastam um tempo consideráv­el rebatendo ao que todos definem como “jogo sujo”.

Os pleitos dos dois clubes são travados também nas redes sociais e aplicativo­s de mensagens, tal qual passou a acontecer na política tradiciona­l. Daí partem boatos, ataques pessoais e o que ficou conhecido como “fake news”. Notícias que não têm qualquer comprovaçã­o.

“O baixo nível passou do limite. Há blogs dizendo que fui preso, que tive de depor na Polícia Federal, que estou na [Operação] Lava Jato. Coisas absurdas”, reclama Andres Rueda, um dos candidatos de oposição no Santos.

A eleição no clube está marcada para este sábado (9) e a proximidad­e faz com que as denúncias anônimas e boatos fiquem mais fortes.

O Corinthian­s já vive este fenômeno e os próprios précandida­tos estimam que ficará pior até a data do pleito, marcado para 3 de fevereiro.

“Fico triste. A gente fica sabendo do que está acontecend­o. Vai ficar pior com o passar do tempo. Não dá para fazer nada. O que vou fazer? Processar todo mundo? Vou gastar mais com advogado do que receber de indenizaçõ­es em cestas básicas”, diz o deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP), candidato da situação no Corinthian­s. Quem pode votar Sócios com mais de 18 anos Sócios com mais de cinco que tenham pelo menos um anos no clube e em dia ano de associação ininterrup­ta com as contribuiç­ões

O vice-presidente do clube e aliado de Sanchez, André Luiz de Oliveira, é suspeito de ter recebido R$ 500 mil da Odebrecht. Levado para depor na sede da Polícia Federal, em investigaç­ão da Lava Jato, ele negou a propina.

Nos pleitos, há o fenômeno da criação de contas falsas em redes sociais para propagação de denúncias contra os candidatos.

No caso santista, existem quatro nomes que tentam chegar à presidênci­a. No Corinthian­s, são cinco.

“Esta eleição vai ser sangrenta”, constata outro presidenci­ável corintiano, Romeu Tuma Júnior. Ele denuncia que famílias de atletas da base são pressionad­as a fazerem campanhas para chapas.

“Está uma sujeira sem tamanho. Falaram que eu estava nos jogos torcendo contra o Santos, que sou filiado à Camisa 12 [organizada do Corinthian­s]...”, afirma José Carlos Peres, candidato pela segunda vez no Santos por uma chapa de oposição. IGUAIS Nos dois clubes, há denúncias em comum. Foram colocadas dúvidas sobre a lista de sócios. No caso do Santos, as chapas encontrara­m diferentes nomes de votantes com o mesmo número de CPF.

Entre associados do Corinthian­s circulou áudio do secretário geral Antônio Jorge Rachid Júnior dizendo estar pronto para regulariza­r a situação de inadimplen­tes para que possam votar. Ele disse falar em nome do candidato Paulo Garcia.

Qualquer sócio com mensalidad­es pendentes terá desconto de 50% na taxa para reativar o título, se quitar também o boleto de janeiro.

Sete conselheir­os apresentar­am nesta semana pedido para que o presidente do conselho deliberati­vo, Guilherme Strenger, investigue o caso, suspenda os direitos eleitorais dos sócios que foram reativados e impugne a candidatur­a dos envolvidos.

A eleição no Vasco, realizada em novembro, está na Justiça por causa da urna 7, que teria votos de sócios em situação irregular. Se as cédulas valerem, Eurico Miranda será reeleito presidente. Se isso não acontecer, o vencedor será Julio Brant.

“É errado usar a máquina administra­tiva para credenciar pessoas como voto de cabresto. Anistia eleitoral é proibida”, diz Roberto William, líder da chapa Lava Jato, que tenta vaga no conselho deliberati­vo. No grupo também estão o ex-jogador Wladimir e o apresentad­or Raul Gil.

No caso santista, a lista de sócios recebeu 2.000 novos eleitores registrado­s no período de duas semanas entre o final de novembro e começo de dezembro de 2016, prazo final para que o sócio possa votar neste sábado.

“Não deveria mais haver espaço para práticas baseadas em denúncias falsas, ataques, dossiês e críticas sem fundamento que desviem o foco principal, que é o futuro do clube”, opina Nabil Khaznadar, também candidato à presidênci­a do Santos.

Ele é um dos que tentam assumir o cargo que hoje é de Modesto Roma Júnior, que tenta a reeleição. O atual presidente também se queixa de perfis falsos no Facebook que espalham notícias sobre a dívida do clube e a saída de jogadores. Os boatos o fazem parar na rua para prestar esclarecim­entos a torcedores. O cartola reclama que os perfis distorcem suas declaraçõe­s para pintar um quadro negro nas finanças do clube.

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Ahmed Jadallah/Reuters » DA ARÁBIA Romarinho comemora após fazer o gol da vitória por 1 a 0 do Al Jazira sobre o Auckland City, no Mundial de Clubes; equipe enfrentará o Urawa Reds

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