Folha de S.Paulo

No Rio, Lula tenta se contrapor a Bolsonaro

Em caravana, ex-presidente procura rebater discurso sobre segurança do adversário

- CATIA SEABRA

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se contrapôs, no Rio de Janeiro, ao discurso do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), hoje seu principal adversário segundo as pesquisas de opinião.

No domicílio eleitoral de Bolsonaro, Lula contestou aqueles que defendem o aumento de arsenal e de medidas violentas para combate ao crime. Repetindo uma tese que tem apoio de uma ala de profission­ais da segurança, Lula afirmou que a “polícia precisa menos de armas e mais de inteligênc­ia”.

Em diferentes atos na Baixada Fluminense, Lula repetiu também que, além de in- vestimento­s em formação de policiais, os programas sociais são saída para segurança. “Se você quer diminuir em 50% a criminalid­ade, é só garantir emprego, salário e escola para o povo. Que você vai perceber que a violência vai diminuir no dia seguinte”, disse.

Nos municípios de Duque de Caxias, Belford Roxo e Nova Iguaçu, Lula repisou o exemplo de que, com dinheiro para comprar sua jaqueta, um jovem não tentará roubar a de outro.

O ex-presidente também defendeu policiais. Ao criticar a presença de PMs diante do Comperj (Complexo Petroquími­co do Rio de Janeiro), impedindo sua entrada, Lula disse que eles deveriam estar em outro lugar. Mas acrescento­u que eles estão sem receber seus salários, e “isso deve ser levado em conta”.

Lula apresentou o ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa Celso Amorim aos eleitores da Baixada, afirmando que o diplomata pode representa­r uma surpresa. Uma aposta de Lula para a disputa pelo Palácio Guanabara, Amorim falou em soberania nacional e combate ao imperialis­mo nos breves discursos que fez.

Em Nova Iguaçu, cerca de 50 simpatizan­tes de Bolsonaro, incluindo dirigentes locais do Patriota, protestara­m enquanto Lula discursava. Entre os organizado­res estava Rodrigo Amorim, que foi vi- ce do filho de Bolsonaro na disputa pela Prefeitura do Rio, no ano passado.

Os manifestan­tes gritaram durante o ato “viva a PM” e “Lula cascateiro”.

Segundo a Folha apurou, os afagos de Lula a policiais não são gratuitos. Mas partem da informação de que há na PM um setor que discorda do modelo de segurança defendido por Bolsonaro.

No Comperj, Lula defendeu a retomada das obras, paralisada­s em decorrênci­a de investigaç­ões da Lava Jato. Em um carro de som diante do portão, chegou a afirmar que, se o complexo for vendido e ele for eleito, seus compradore­s, provavelme­nte chineses, terão que “sentar para negociar” com o governo.

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Adriano Vizoni/Folhapress Lula fala a simpatizan­tes em Duque de Caxias, no Rio

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