Líderes evangélicos querem que Brasil imite EUA
Lideranças evangélicas no Brasil celebraram a decisão americana de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e defenderam que o país siga o mesmo caminho.
Para esses líderes, que têm estreitado o laço com Israel, a decisão do presidente Donald Trump lhes dá força para pressionar o governo brasileiro a reconhecer Jerusalém como capital e a parar de votar contra Israel em resoluções da ONU sobre temas ligados aos palestinos.
“A comunidade evangélica aqui no Brasil vê com bons olhos a atitude do governo Trump. É um movimento importante para que o Estado de Israel se firme, para que o povo judeu se firme, anunciando para o mundo que Jerusalém historicamente sempre foi a cidade santa dos judeus e do cristianismo”, afirmou à BBC Brasil o deputado evangélico Jony Marcos (PRB-SE).
Marcos preside o Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Israel, um dos mais ativos entre os 92 grupos no Congresso que visam estreitar laços entre parlamentares brasileiros e os de outros países, com 46 deputados e senadores —31 deles, integrantes da Frente Parlamentar Evangélica, e 12 filiados ao PRB, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.
Após o recesso parlamentar no início do ano, Marcos quer mobilizar o grupo e a frente para pedir uma reunião com o Itamaraty a fim de pressionar o governo a seguir os passos de Trump.
Segundo ele, reuniões anteriores com o chanceler Aloysio Nunes e seu antecessor, José Serra, não surtiram efeito, já que o governo brasileiro continua a votar pressionar o governo em questões que envolvam Israel, alegando que a posição do Executivo não encontra respaldo na maioria da população brasileira, que é cristã.
“O que o governo brasileiro está fazendo [ao apoiar resoluções contra Israel] é rasgar a nossa Bíblia. O Brasil vota que Jerusalém não tem a ver com o povo judeu, com Israel. Se Jesus não é judeu, o Brasil está tentando desmontar a fé no cristianismo”, diz.
“O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel não impede que haja boa convivência entre todos”, argumenta Jony Marcos, ao ser questionado sobre o fato de Jerusalém ser local sagrado também para muçulmanos.
Especialistas, contudo, dizem ser improvável que a pressão de lideranças evangélicas resulte, por exemplo, na mudança da Embaixada brasileira para Jerusalém, como Trump promete fazer com a representação dos EUA.
“A embaixada brasileira não vai a lugar nenhum”, diz o professor de relações internacionais da USP Samuel Feldberg, pesquisador na Universidade de Tel Aviv.
Ainda assim, o segmento evangélico tem peso relevante, ressalta, e pode influenciar a diplomacia brasileira.